Te conto sobre marketing, vida e suas intersecções de uma maneira fluida e, às vezes um pouco poética. Se você ainda não é assinante da news, aproveite e se inscreva gratuitamente agora. Ah, me segue também no Instagram! :)
Ah, importante: existem alguns links para artigos em inglês. Se você preferir lê-los em português, é só clicar com o botão direito do mouse e selecionar “traduzir para o português". Boa leitura!
Eu adoro a maneira como as crianças acreditam poder consertar tudo com fita.
Quebrou a perna do boneco do Batman? Põe uma fita.
Quer colocar o celular da mãe preso num canto pra gravar um vídeo pro seu canal fictício do YouTube? Prende com fita.
Quebrou o incensário da mãe quando estava jogando bola? “Tudo bem mamãe, dá pra por uma fita”.
A fita é poderosa.
Pena que, com o passar dos anos, a fita, do jeito que a conhecemos, vá perdendo seus poderes.
Como é duro descobrir que a fita não serve pra consertar feridas emocionais, segurar a ansiedade ou remendar um coração partido.
Às vezes a gente passa a vida procurando novas fitas. Às vezes as encontramos, mas não as vemos. Quase sempre, a fita que a gente tanto busca, chama-se “tempo", mas pode apresentar-se como “paciência".
É difícil se conformar com este tipo de remendo, eu sei. Queremos uma solução imediata. Precisamos aplacar nossa ansiedade infantil, que insiste em residir em nossos corpos adultos.
Como não há o que fazer, acabamos por deixar esta nova fita agir e assim, ao ser permitida, ela vai reparando nossas cicatrizes e nos trazendo, ainda que lentamente, uma nova vida. Uma vida que sofreu fissuras sim, mas que aprendeu que não há como consertar o que está quebrado sem as fitas da vida adulta: o tempo e a paciência.
O tempo e a tendência
Aprendi que “moda” é o que é passageiro, enquanto “tendência” é o que vem pra ficar. Acho que é por isso que eu fico sem entender esse negócio de “trends", que significa “tendências” em inglês, mas que nas redes sociais significa outra coisa.
Sabe quando parece que todo mundo está fazendo o mesmo tipo de vídeo no Instagram ou TikTok? Essas são as trends.
Mas as trends são modinhas. A trend dessa semana é diferente da trend da semana que vem. Peraí. Tendência não é algo mais permanente? Era, minha filha…
Pobres dos profissionais de social mídia, que têm que ficar correndo atrás da tendência do momento pra conseguir visualizações pra sua marca. Sim, as trends trazem mais visualizações.
Fico pensando: será que, quando a Nike lançou o primeiro comercial com “just do it", em 1988, ela sabia que o slogan passaria de moda, pra tendência e de tendência pra permanência?
Acho que ninguém consegue prever tal coisa. O slogan é genial sim, mas foi usado numa época que uma campanha ficava bastante tempo no ar, né? E depois ainda tinha a sua continuação, além da sua extensão: TV, rádio, outdoors, revistas, etc.
E se fosse nos dias de hoje? Imagine se o just do it não existisse e alguém desse a ideia de usá-lo para um desafio no TikTok. “Desafio Nike Just Do It". Será alguém conseguiria visualiza-lo como um baita slogan? Como enxergar numa trend algo tão forte que pode transcender a rede social e se transformar em parte essencial da construção de uma marca? Métricas ajudam sim, mas como distinguir o que é apenas viral e momentâneo do que pode realmente permanecer?
Tô viajando, né? Juro que não estou usando drogas. Rs.
Não dá pra saber, obviamente, mas o que nós temos visto aos montes, são marcas desesperadas para viralizar e acompanhar o ritmo da nova geração e sua ânsia por novidades.
Inclusive, quando pesquisei sobre o slogan da Nike, encontrei uma pessoa com uma visão parecida com a minha.
O Marcelo Beledeli do Portal Press escreveu:
O conteúdo moderno, embora de fácil acesso, não se prende ao público da mesma forma. A maioria dos memes, apps e listas que chamam tanto a atenção são muito rapidamente descartados, e as ideias não tem o tempo necessário para conquistar o grande público.
Ainda sobre identificar as reais tendências, um artigo da øclb pontua muito bem a dificuldade de se fazer isso ao analisar os hábitos de consumo e produção de conteúdo online, especialmente da geração Z.
Em um dos trechos:
“A geração TikToker abre mão do que não se encaixa mais em sua personalidade, estilo ou vibração aspiracional sem se prender a uma única visão de mundo. E é aí que mora o perigo também. Afinal, para quem pesquisa tendências, como estudar o que as pessoas consomem?”
A Luciana Andrade, autora da newsletter .flows magazine sugere que, com tantas modinhas que vão e vêm, se falem mais do que é permanente. Destaco um trecho:
“muitas vezes pode ser legal pensar no que fica, não no que muda a cada modinha. a efemeridade das redes, as ‘trends’ cada vez mais rápidas e toda essa busca insana por novidades podem revelar muita coisa que permanece. depende de para onde se olha”
Sugiro ler o texto todo, está sensacional.
Sem mais perda de tempo…
Aqui estão as abas da semana, antes que elas mudem.
✨ Achei sensacional a pulseira que o Cold Play distribuiu para o público do Rock in Rio, que mudava de cor de acordo com o momento do show. Aí vi AQUI como ela funciona.
✨ Falando nisso…
✨ Sou muito fã de Silvio Santos. Feliz em ver que vai ter série sobre ele na Disney+. Veja aqui.
✨ Já falamos da Patagônia nesta edição da newsletter, lembra? Pois, nessa semana, seu fundador, apoiado pela família, doou todas as suas ações para causas ambientais. Entenda.
✨ Me senti triste com a morte da rainha Elizabeth II (ela de novo). Aí me senti esquisita por me sentir triste. Aí vi este artigo sobre porque nós sentimos o luto por pessoas que não conhecemos. Faz todo sentido. (em inglês)
✨ A origem do slogan “just do it” (sim, fui pesquisar).
✨ Diálogos da Família Dinossauro:
Pra finalizar:
Até a próxima, pessoal!
- Andrea