#113 - Quantas escovas de dentes têm no seu banheiro?
No meu tem 2. Não é fácil, mas não é impossível.
Quantas escovas de dentes têm no seu banheiro?
No meu banheiro tenho sempre duas escovas de dentes. Não uma. Duas. Afinal, são doze anos de casamento. Dezesseis, contando o namoro. Uma vida de escovas juntas.
De vez em quando aparece uma terceira escova por lá. Ou uma quarta. Essas últimas sempre trazem alguma temática para deixar o lugar mais divertido. Pode ser Pokemón, Princesas da Disney ou apresentar algum formato diferente, como o da Torrei Eiffel.
As escovas temáticas moram em outro banheiro e vêm visitar meu em noites de cansaço extremo, chororô, chameguinho e mamãe, posso tomar banho com você. O copo branco de cerâmica de cima da pia fica apertado, mas cheio de amor.
No dia seguinte, pela manhã, já mando as escovas de volta para suas moradas originais. Se não fizer isso, tem criança que vai para a escola com bafo e tudo.
Mesmo assim, só mandar as escovas de dentes de volta não é suficiente. É preciso que eu os lembre – algumas vezes, diga-se de passagem – que elas precisam ser usadas. Já apelei até para o emocional: escovas não usadas se sentem tristes. Já funcionou. Hoje reviram os olhos.
Escovas três e quatro em seu devido lugar, o banheiro vira a mansão das escovas um e dois. Às vezes a número um tem vontade de ter um banheiro só dela, mas não faz nada a respeito. Apenas fica ali, encarando a escova dois, esperando a vontade passar.
Manter escovas de dentes juntas não é tarefa fácil. Exige mais que a plasticidade das fotos de casal e declarações de amor de redes sociais. Exige carinho, paciência e muita vontade de continuar ali, no mesmo banheiro. Exige que a gente saiba que não serão apenas momentos mint fresh com beijos Kolynos. Que haverá dias difíceis. Saco cheio. E que é assim mesmo.
É assim porque nós não somos os mesmos todos os dias. Às vezes, acordamos mais leves, outras, mais pesados. Seria tão mais fácil se fôssemos sempre a mesma versão. Tão mais seguro. Tão mais confortável. Mas tão mais sem graça… As mudanças (de humor ou hábitos) fazem parte da vida e de quem somos. Elas merecem nosso respeito e nosso abraço. Aliás, não só o nosso, mas o do dono da outra escova de dentes também. Não adianta nada nos permitir se o outro nos esculachar. Quando isso acontece, nos encolhemos ao invés de expandir. A beleza das escovas de dentes unidas está na aceitação. Quem me ama até na minha pior versão, me dá o espaço que preciso para ser também a melhor.
Com o outro é a mesma coisa. O outro, em toda sua outridade também precisa de espaço para ser inteiro. Quem sou eu para querer que o outro esteja sempre bem, feliz e satisfeito o tempo todo? Às vezes é preciso distância para que a gente possa se reencontrar.
Por isso que tem dias que a gente se esbarra no banheiro e outros dias que a gente se encontra com um bom dia ensolarado e um abraço carinhoso. Assim, as escovas vão permanecendo juntas, sendo as testemunhas silenciosas das nossas mudanças diárias e nossa lembrança de que, apesar de compartilharmos o mesmo espaço, seguimos sendo diferentes. No meu banheiro tem duas escovas de dentes por escolha própria. Uma escolha diária e que as mantém juntas, olhando-se, lado a lado, dentro do copo branco de cerâmica em cima da pia, há 16 anos.
Não aprendi dizer adeus
Essa edição foi inspirada por duas coisas:
Um dos dias do desafio de 21 dias escrevendo da teve como tema a pergunta do título desta news: quantas escovas de dentes têm no seu banheiro?
O podcast Bom Dia, Obvious, com a participação de da floatvibes com o tema “intimidade sintética”. O episódio é dividido em 2 partes. Escute a primeira AQUI e depois já vai entrar a segunda. Ma-ra-vi-lho-so.
Além de amor e escovas de dentes, preciso falar sobre o Halloween. Bora?
👻 Tem algumas edições aqui que são minhas queridinhas. Uma delas é essa, em que falo sobre o episódio de Haloween de Snoopy e sua relação com Jean Paul Sartre:
♥︎ Achei esse post no Instagram e adorei:
🎞️ Já viu Beetlejuice Beetlejuice (os fantasmas ainda se divertem)? Se não, fica aqui a dica para este Halloween. Amei! Amei todas as referências ao filme 1. Amei como Tim Burton coloca um milhão de elementos fantásticos sem parecer cafona. Amei o entretenimento nostálgico do filme. Vi no cinema, mas tem no Prime.
Da newslettesfera:
💌 A é minha amiga de Jaú e eu a acompanho semanalmente nos Trechinhos do Spotify. Agora ela está aqui com a news “Como você cria”. A primeira edição está demais. Fica a dica para vocês acompanharem.
💌 A tem um texto que é hors concours na comunidade de escrita e ele está na edição da semana de sua newsletter. Suei e derreti junto com o protagonista. Quem nunca passou por um sufoco assim?
💌 Na Pet Letters dessa semana, a conta a história da cachorrinha de outra substacker*, a e como um susto a levou a conhecer seus vizinhos. Deve existir um jeito mais fácil, vai.
💌 A está completando 1 ano de Que ninguém me leia. A escrita dela é bonita e extremamente sincera. Vale a pena acompanhar.
💌 Fui citada na newsletter da , gente! A Paula até leu um trecho do meu texto “Por quilo” nos stories do Instagram. Eu, que a acompanho desde o Twitter com o perfil Desacostuma, fiquei super honrada. A edição do Pitadas Acostuma com meu texto tem outras dicas legais e uma toalha de mesa bordada que virou meu desejo (Luisa, favor ter lojinha no Elo7). Veja AQUI.
💌 Por fim, o texto compartilhado pela Paula e Luisa, caso você não tenha visto:
Mas deixo você ir
Afinal, hoje é dia de Halloween aqui no prédio e eu preciso me preparar para subir 25 andares de escada para pedir doces aos vizinhos.
Até a próxima semana!
- Andrea
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👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽 foi citada! Que delícia e que sensação boa!
No meu banheiro tem umas 6! Elas brotam, procriam!! E normalmente sao de personagens rs