“O pulso ainda pulsa”, diz a música dos Titãs.
Esse verso martelou minha cabeça no último final de semana. Só ele. Pulsando no fundo do meu cérebro.
Talvez fosse pela gripe que me pegou em cheio na semana passada. Dois dias de cama. Calafrios. Dor de cabeça. Espirros. Tosse. Indisposição. Você entendeu.
Mas a gripe se foi, deixando apenas - ironizando bem esse “apenas” - uma sinusite paralisante. Quem pulsava era a fronte. Uma dor latejante escorria pelos seios da face enquanto eu sorria ao levar as crianças para a escola. E quando os busquei. E quando os levei para suas atividades e fui simpática com o professor de bateria, mesmo que minha vontade fosse me esconder em um buraco escuro.
Conferi: o pulso ainda pulsa.
Em casa, além da minha indisposição, nada mudou. Briga com o filho para não levar o iPad para a mesa, insistência com a filha para colocar uma meia nesse pé porque está frio. Já escovaram os dentes? Terminaram a lição? Quem foi que deixou o material espalhado na mesa? O cachorro já comeu? De novo com fome, Rafael? Mamãe está com dor de cabeça, podem me ajudar? A secreção parecia tomar conta de mim, espalhando-se como bolor em pão velho.
Mas o pulso ainda pulsa.
Fim de semana. A prioridade era o lançamento do livro da amiga. Botei um rímel e saí de casa, fingindo normalidade. Neste ponto não sabia mais o que era viver sem dor, mas o analgésico consegue disfarçá-la por algum tempo. Lançamento, encontros, fotos, bate-papo gostoso e bolo de chocolate para finalizar. Tudo levava a crer que eu estava melhor. Mas o último gole no café foi derradeiro. De trás dos olhos, irradiando para as têmporas, ela voltou. A tortura. Preciso voltar pra casa agora, disse. Ao primeiro passo porta adentro, os filhos, com os amigos em casa, pedem para que os deixe dormir fora. Hoje não. Porque não. Porque não quero. Parem de insistir. Vou pedir um lanche do McDonalds pra vocês.
E o pulso ainda pulsa.
Era domingo de manhã quando me percebi surda de um ouvido. Antes ficasse apenas na surdez. De repente, não mais que de repente, algo parecia perfurá-lo. Uma dor sem igual me desconjurava. Não aguento mais. Hora de ir para o hospital. Senha. Triagem. Abre ficha. Errei o convênio. Acertei o convênio. Espera, espera, espera. Médico. Examina. Aquela coreografia fria dos hospitais. Sinusite e otite. Antibiótico e repouso. Voltei para casa carregada de medicamentos. Mamãe, você ainda está doente? Sim, filha. Brinca comigo?
E o pulso, que bom, ainda pulsa.
Não aprendi dizer adeus
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Essa semana, em meio ao caos, consegui terminar uma leitura que muito me surpreendeu: A Filha Primitiva, de Vanessa Passos. Uma trama visceral sobre herança, dor e identidade, entrelaçando três gerações de mulheres marcadas por segredos, abandono e a luta por pertencimento. A narradora protagonista tem uma raiva tão grande dentro de si e a escrita da Vanessa, tão crua, não tenta, nem por um instante, escondê-la. Mas trata-se de uma raiva que ela sente da suas próprias mãe e filha e é isso que mais me chamou a atenção no livro.
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Para contrabalancear a dureza da leitura, vi a série Étoile, no Prime.
A história gira em torno de duas prestigiadas companhias de balé — a Metropolitan Ballet Theater, em Nova York, e o Le Ballet National, em Paris — que, enfrentando queda de público e crise financeira pós-pandemia, resolvem fazer um intercâmbio de talentos para reacender o interesse do público.
Eu sou ex-bailarina, amante de ballet e acho que isso me fez gostar, mas eu esperava mais do casal Palladino (criadores de The Marvellous Mrs Maizel e Gilmore Girls). A série é linda, tem alguns personagens interessantes mas falta aquele je ne sais quoi.
🤰🏻
Notícias do Engravidei
Meu livro, o Engravidei, continua em pré-venda. Adquira o seu aqui.
Ainda não o recebi. Sigo ansiosa com isso e não é raro me despertar no meio da madrugada preocupada. De 45 a 60 dias após o início da pré-venda, diz a editora. Está próximo, sei disso. Mas gente, preciso marcar os eventos de lançamento, convidar as pessoas que farão um bate-papo comigo, reservar o local… Para uma virginiana, não ter uma data exata é enlouquecedor. Muito floral nessa hora.
Na falta do exemplar físico, sigo fazendo montagens com a sua capa usando os modelos de mockups do Canva e a inteligência artificial. Até meu cachorro entrou na dança. Veja só que garoto propaganda mais fofo:
Newslettersfera
Hoje temos:
O post que todo mundo deveria ler sobre o live action de Branca de Neve (eu ri MUITO alto)
um inventário de coisinhas pra quando você acha que está desperdiçando a sua vida,
White Lotus e a espiritualidade como artigo de luxo,
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O jogar para o universo tudo o que a gente deseja
O que a gente precisa para escrever
Jarrid Arraes jogando a real do mercado editorial
Uma iniciativa super legal: o Atlas das Mães que Escrevem.
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Sem lágrimas no olhar, pois já estou bem melhor das porcarias das “ites". Ainda surda de um ouvido, é verdade, mas sem dor. Não há mal que dure para sempre, Brasil. Vamos que vamos!
Feliz dia do trabalho e até a próxima.
Um beijo,
Andrea
📚 Adquira meu livro, Engravidei, na pré-venda do site da editora Caravana
Voce escreve muuuuiiitto bem!!!! Parabéns!!!👏👏
amiga, que demais essa edição! amei o texto, o tema, as descrições, as repetições intencionais... fodaaaa!! parabéns!!!!