- Hoje vai o Gatorade azul ou vermelho?
- O vermelho, mas estou de olho na Corona.
Essa cena se repete toda terça-feira, às 9h da manhã, quando paro na lanchonete da quadra de beach tennis, ao sair da aula.
Aquela cerveja ali, no freezer ao lado de onde ficam os isotônicos, me encara. Ela, suando lá dentro e eu, suando do lado de fora, nos desafiamos, nos seduzimos. Mas sou comprometida, não posso ceder. São 9h da manhã. É terça-feira, dia útil, dia de trabalho, de foco e não de descontração. Não são férias. Não posso. Não devo. Não é certo.
Segui firme por meses.
Não aguentando mais o desejo reprimido, me abri a amigas durante um almoço. Confessei minha atração pelo proibido, quase engolindo as palavras, com medo do que iriam pensar de mim. Uma pecadora.
- O que te impede de tomar só uma, uma vez na vida? - perguntou uma delas - Você não tem problema com alcoolismo, não vai beber o dia inteiro, não vai nem fazer isso toda semana, vai tomar banho e se sentar pra trabalhar, o que te impede?
O que me impede?
Quem disse que uma cervejinha às 9h da manhã de terça-feira, em caráter de exceção, é proibida? Quem me colocou este cabresto?
A cerveja levou a uma discussão interessante sobre as tantas amaras que temos por conta de convenções sociais. São tantas decisões do nosso cotidiano que tomamos em função de regras criadas não sei por quem. Tantos comportamentos que atendem expectativas de não sei mais quem. Minhas? Da minha mãe? Do meu chefe? De quem? Quem disse que eu não posso, de vez em quando, começar meu dia com uma cervejinha ao invés de leite?
Veja bem, não estou aqui querendo encorajar a bebida alcoólica, mas trazer a reflexão daquele almoço. Naquele papo, fomos além. Questionamos por que não fazer algo que vai me deixar tão bem? Por que fazer sempre o que se espera de mim? Já reparou que muitas vezes optamos por caminhos que podem até nos fazer sentir mal, só porque é o que se espera? Por que estamos sempre nos podando?
A vida é mais que isso, sabe?
Entendo que a vida em sociedade só funciona com regras. Se o condomínio não proibisse barulho depois das 22h, talvez muita gente não consiga dormir com o barulho dos vizinhos, por exemplo. Mas vez ou outra as regras podem ser quebradas. Pequenos prazeres devem fazer parte do nosso dia. Uma Corona depois do beach tennis é um pequeno prazer, especialmente porque não acontece sempre. A excessão também é deliciosa, pensa bem.
O almoço dessa conversa foi no domingo. Na terça-feira, às 9h da manhã eu estava lá, na lanchonete da quadra de beach tennis.
- Hoje é o Gatorade azul ou vermelho?
- Hoje é a Corona.
E o marketing, Andrea Cristina?
O melhor marketing é aquele que pensa na pessoa que vai consumir o produto ou serviço. Aquele que leva em consideração não apenas os dados demográficos, mas o que o público realmente quer. A comunicação entrega a promessa, mas o produto tem que entregar o que o consumidor deseja.
Aqui você é parte do público que consome o conteúdo que eu produzo. Já te amo por isso, mas preciso usar uma ferramenta muito valiosa para os marqueteiros, pra poder entregar sempre algo que você goste: a pesquisa.
Me diz aqui rapidinho:
Só mais uma perguntinha:
Meus livros de 2023
Não foram muitos livros, apenas 15. Alguns livros este ano foram mais arrastados. Li muita biografia, o que muda um pouco o padrão do ano anterior.
De qualquer forma, segue aqui minha lista de livros lidos em 2023.
Meu favorito? Paixão Simples, de Annie Ernaux. Inclusive, falei dele naquela edição sobre como odeio me apaixonar e como amo os comerciais da Heineken. Será que eu só falo de cerveja? Juro que não tenho problema com alcoolismo.
Não aprendi dizer adeus
📚 Da Gama: Como terminar de ler um livro
💛 Do The Hustle: quem escolhe a cor do ano?
🤓 Uma retrospectiva maravilhosa de memes:
🎅🏾 Escrevi há um tempo sobre uma escola de Papais Noéis. Vamos retomar?
Mais um, pra quem gosta de lições empreendedoras:
Das newsletters que ando lendo, recomendo:
Amei que a Laurinha Lero da news Respondendo, analisou o cardápio do Paris 6. Isso é jornalismo investigativo de qualidade. Muito, muito bom.
Na news da Bonita de Pele: filmes natalinos para maratonar.
E o Prêmio Valekers de melhores do ano, de Aline Valek. Várias dicas boas. Anotei tudo, salvei o post e compartilho-o com vocês.
Mas deixo você ir
Com lágrimas no olhar, mas de muita alegria por estar mais um ano escrevendo quase que semanalmente, pelos feedbacks maravilhosos de vocês, pelo companheirismo de quem me acompanha e pelo ano em si, que trouxe oportunidades e ensinamentos.
Essa newsletter vai entrar em recesso de fim de ano. Voltamos em janeiro, se Deus quiser.
Desejo a você um Natal de luz e que 2024 venha com energia, alegria e muita saúde.
Um beijo,
Andrea
Andrea Nunes é publicitária de formação, comunicadora do agronegócio de profissão e escritora por paixão. Sonha em escrever um livro, mas, por enquanto, exerce a escrita na newsletter Andrea Me Conta.
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Um Lindo Natal e um 2024 leve e cheio de coisas boas! Espero te ler e te escutar durante todo o proximo ano! ❤️
Minha mãe sempre comenta de um dia em que pedi pra almoçar pipoca quando criança e ela não deixou hahaha. Ela se arrepende, mas valeu a lição pra nós duas. Feliz ano novo, Andrea! 🥰