“Comece a escrever”, diz a página em branco de quando se cria uma nova newsletter no Substack.
Apenas comece.
Parece fácil, não é mesmo?
Não é.
Às vezes é horrível. A falta de uma ideia, de uma estratégia ou de coragem. Não é fácil colocar as palavras no mundo, sejam elas em forma de texto, podcast, vídeo ou post em qualquer rede social.
O que vão pensar?
Como estou sendo ridícula!
Ninguém vai me ler.
E a galera da 7ª série, que me achava tonta e fazia questão de me dizer, será que vai continuar achando isso de mim quando toparem com algum dos meus textos?
Difícil ligar o foda-se e apenas escrever. Para mim, pelo menos, foi um parto.
Na verdade, sempre escrevi. Sempre, sempre. Mas ninguém me lia. Até hoje tenho vergonha de a minha mãe ter encontrado um poema todo meloso que fiz quando tinha 14 anos. Ela achou lindo. Guarda-o até hoje. Eu o odeio, por me retrair.
Foram necessárias quatro décadas para deixar de me esconder. No quadragésimo segundo ano da minha vida, aquele múltiplo de sete que marca alguma reviravolta do nosso ser, a astróloga falou em voz alta o que eu estava sentindo nas minhas entranhas: “o mapa deste ano está muito parecido com o do seu ano de nascimento. Você deve estar vivendo um processo de resgate à sua personalidade".
Naquele ano, renasci em gêmeos, o signo da comunicação. A 5ª casa do mapa do meu novo ano estava sobreposta à terceira do mapa original do nascimento. Ou seja, a casa dos filhos, das artes, da criação e expressão para o mundo, estava na casa da comunicação.
“É hora de fazer um blog, um Instagram, uma produção cultura criativa”, disse a senhora que me atendia. Eu havia acabado de criar a minha página aberta no Instagram, para produzir conteúdos sobre marketing e inovação.
Podia ser tudo uma grande enganação. Um delírio. Charlatanismo puro. Você aí pode estar até pensando que é um absurdo acreditar em astrologia. Não ligo. Era o que eu sentia. Era o que eu queria ouvir. Era a motivação que me faltava.
O primeiro texto daqui não foi enviado para ninguém. Nem o segundo. A partir do terceiro, criei coragem e divulguei para algumas pessoas. Pensei que teria muitos adeptos, afinal, tinha muitos amigos nas redes sociais. Ledo engano. Muita gente não se inscreveu até hoje. Tem uma “amiga”, inclusive, que curte todos os posts de todas as influenciadoras das redes e não deixou um mísero e-mail, nem aquele que ela menos usa, na página de inscrição da newsletter.
A gente aprende que é assim mesmo que acontece com que escreve.
“Seus amigos não são seus leitores”, me disseram.
Que bom que com muitos amigos não é bem assim. Adoro quando alguém me responde o e-mail ou me manda uma mensagem no WhatsApp para comentar alguma coisa da news. Mas eles não têm a obrigação em me ler. Ninguém tem, na verdade. Nem nossa mãe. A gente demora para entender e aceitar isso sem mágoa. Ou quase sem mágoa. O nome daquela amiga está marcado no caderninho.
Aprendendo assim, cheguei em 122 edições. Não que isso tenha eliminado o vazio cortante no estômago que me dá cada vez que clico no botão “enviar", mas já convivo melhor com ele.
Aprendi também que não preciso ser expert em escrita para colocar minhas palavras no mundo. Posso ser uma amadora apaixonada pelas palavras. Segundo Charles Chaplin, “isso é o que todos somos: amadores. Não vivemos tempo suficiente para nos tornarmos outra coisa".
No livro Mostre seu trabalho, o autor Austin Kleon diz que, “como o amador não tem nada a perder, ele está disposto a tentar". É isso! Eu não me sentia pronta. Ainda não me sinto. Mas estou disposta a ver no que dá cada vez que o cursor do meu mouse encontra o “enviar” no canto da página. Que bom que foi quebrar a barreira do perfeccionismo exacerbado.
Na página em branco de um novo post do Substack está escrito “comece a escrever". Comecei hoje sem saber onde iria dar. Deu nisso aqui. Agora vou apenas clicar em “enviar” e aguardar o que virá.
E o marketing, Andrea Cristina?
Fim de férias! É hora de falar sobre marketing!
Hoje eu vou falar sobre o poder da escrita para VENDER. Melhor ainda, para VIRALIZAR, que é o que todo mundo está querendo nos dias atuais.
Quem aqui viu a edição especial e limitada das embalagens dos chocolates Cadbury na Inglaterra?
Absolutamente - na minha opinião - geniais.
A Cadbury e a agência VCCP apresentam a campanha "Made to Share" no Reino Unido para promover as novas barras Dairy Milk.
Não vou falar mais nada, apenas deixar que as imagens falem por mim:




Agora vamos estudar porque essa campanha usou um copywriting perfeito.
Temos que começar pelo o que a marca prega desde seu bicentenário, que são gestos de generosidade.
O copy das embalagens cria um novo significado para o ato de compartilhar chocolate, associando a marca a momentos cotidianos, fortalecendo seu valor emocional.
Vejam como o copywriting, neste caso, tem um papel fundamental na experiência do produto. Uma simples barra de chocolate se torna uma ferramenta de conexão. Imagine os momentos divertidos entre amigos e família quando alguém chega com uma barra e a divide de acordo com a embalagem. Em casa, pelo menos, seria engraçado.
E o texto, da maneira como foi escrito, reforça essa mensagem através do uso de frases curtas e diretas, personalização dos segmentos da barra para momentos específicos e um “call to action” emocional e implícito. Não é necessário dizer “compre” ou “compartilhe” porque as frases são como gatilhos para que as pessoas façam isso automaticamente.
Por fim, um bom texto publicitário como esse nos ensina uma das principais lições que a gente aprende na faculdade de propaganda e marketing: Seja simples, direto e memorável – o consumidor precisa entender a mensagem em poucos segundos.
🎯 Que tal um exercício?
Como você faria uma conceito "Made for Share", mas para outro produto de consumo diário, como café?
Não aprendi dizer adeus
📔 Gente, para tudo! Acabei de ler Impostora (Yellowface) e a-do-rei! Tenho algumas ressalvas, como achar um pouco repetitivo e poder ter mais elementos de thriller, mas é um livro que traz um pouco dos bastidores do mercado editorial - este que estou adentrando agora - quando a protagonista, uma escritora branca, rouba o manuscrito de uma amiga de descendência chinesa que morre bem na sua frente. Adorei fazer uma leitura mais ENTRETENIMENTO, sabe?
Newsletters superpoderosas
💌 De alguma forma, achei que este texto da
se conecta com essa edição: “A vida não é adiável”.💌 “Quem é o público leitor do Substack?” - da news da
- já que iniciamos falando dessa tela que me encara toda semana.💌 Essa news da
está perfeita: “eu escrevo para procrastinar".💌 Quem também falou sobre as férias das palavras depois de um trabalho extenso de Ghost Writer, foi a
em “O texto de férias”.💌 Outra Gabi, dessa vez a
, criou coragem e colocou no mundo um sonho antigo: um clube de leituras. Show, né?Quer saber como o storytelling me pegou? Leia “A bolsa”:
Mas deixo você ir
Porque hoje a edição está grande e, se você leu até aqui, você merece 80% da barra de chocolate. Deixa para dividir os outros 20% com quem leu até a metade, porque também está valendo.
Fazia tempo que eu não falava de marketing, não é? A última vez foi há quatro edições, na edição 118: o bebê no avião. Me diz se você gosta dessa seção ocasional da news? É importante pra mim. ☺️
Antes de você ir, quero dizer que se você comprar algum livro usando o link dessa edição, eu recebo uma pequena porcentagem da Amazon (ajuda essa escritora não remunerada, né?) mas isso não afeta o seu valor final.
Ufa! Agora acabou.
Até semana que vem.
Um beijo,
- Andrea
Amei a edição e a citação, super obrigada!
Eu admito que também demorei a entender esta dinâmica dos amigos que apoiam infinitamente menos do que estranhos, mas ficou mais fácil a partir do momento em que entendi que muitas vezes uma amizade compartilha alguns tópicos em comum, não todos. E sempre tenho surpresas muito positivas quando, sem nem avisar, uma amiga faz upgrade na news ou se inscreve em um curso, por puro interesse genuíno.
Amei essa edição e me identifiquei muito! É difícil ver que muitos amigos e familiares acabam não apoiando, mas concordo com a Ale Garattoni: os interesses nem sempre são os mesmos, e tudo bem. 90% das pessoas que se inscreveram na minha newsletter eu não conheço. Por um lado, fico até aliviada. Escrever sobre mim, com coração, ainda me deixa insegura. Muito obrigada pelo apoio! Fico honrada em ser recomendada por você.♥️ Amo sua escrita 🥰