Minha filha saiu de casa.
Pegou sua mala de mão. Despediu-se com a segurança de quem sabe o que faz. Agarrou a mão da amiga e, juntas, entraram no carro.
Não deu aquela última olhada para trás. Não acenou da janela. Apenas foi.
Eu, ao portão, não consegui entrar antes do carro partir. Nem depois. Contemplei a vaga vazia, que há poucos segundos abrigava o veículo que a levava para longe de mim.
Para completar, chovia.
A garoa fina do fim de tarde de janeiro caía no mesmo ritmo do meu coração. Eu mesma queria chover, debruçar minhas lágrimas grossas de tempestade, mas me contive.
Pensei nas vezes que a vi de fraldas, correndo para os meus braços, com passos desajeitados de quem aprendeu a se equilibrar recentemente. Parecia ouvir a voz fininha que saía de sua boquinha tão perfeitamente alojada entre duas grandes bochechas. Ma-main. O tempo passou tão rápido…
Mergulhei fundo nas minhas memórias e só emergi quando o portão se abriu atrás de mim e um vizinho pediu licença para passar. Eu tampava a saída como se pudesse impedir que o filho de outra pessoa abandonasse o lar. Eu fechava a entrada para não voltar ao apartamento até que ela retornasse. Mas agora o transe estava desfeito. Eu precisava entrar, seguir a vida, arranjar o que fazer.
Ao final de contas, ela estava feliz. Saía de casa para realizar um sonho. Fazia tempo que me pedia para dormir na casa da amiguinha. Levou maiô para um banho de piscina e sua Naninha, para dormir bem. Na mala, um recado da mamãe, porque ela adora encontrar bilhetes. Tudo em letras bastão e maiúsculas, porque ela ainda não sabe ler em cursiva (vai aprender agora, no 2º ano): “PEGO VOCÊ AMANHÃ NA HORA DO ALMOÇO. DURMA BEM. AMO VOCÊ".
Não aprendi dizer adeus
Sou uma mãe exagerada ou não? Diga-me você!
Na maternidade/paternidade a gente está sempre aprendendo, seja na prática, seja com a troca valiosa com algumas pessoas muito espertas:
🏝️
, que fala sobre maternidade de uma maneira muito leve e com ensinamentos do budismo na newsletter Correnteza, falou essa semana das férias sem filtros.💰 Gostei muito do texto do
, com o título, “meu filho virou um mercenário” sobre ensinar seu filho que nem tudo que ele fizer vai levá-lo à uma recompensa palpável.🥗 Vou começar a oferecer aqui em casa uma salada por dia, com as receitas propostas pela
do especial do Descobertas.🤴🏾Agora tenho uma história para justificar porque o vovô só recebe meias e cuecas no Natal. Foi o pai da
que ensinou, nessa edição da Marinando.🧚🏼♀️ Quero ler para as crianças a história que estou acompanhando em capítulos aqui no Substack da
. Trata-se de A Fantástica História de Epifania. Estou atrasada na leitura, mas ao invés de continuar, vou começar de novo, dessa vez com as crianças.🎞️ E, assim que conseguir, escapo dos meus monstrinhos nenéns fofos para assistir Nosferatu. Fiquei bem interessada depois de ler o review na Cyne News da semana.
» Se você não viu:
Na edição passada, contei uma novidade:
A edição 28 não me deixa negar que sou meio exagerada desde que estava grávida:
Mas deixo você ir
Com lágrimas no olhar, pela filha que foi dormir na casa da amiguinha com apenas 7 anos. Uma bebê.
Um beijo e até a próxima edição!
Andrea
ai amiga, nem tenho filho e to aqui emocionada com suas palavras... é doido pq, isso também me traz uma nostalgia, lembrei do dia que minha mãe me chorou quando me deixou na escola pela primeira vez! rs obrigada por isso
Suas crônicas estão cada dia melhores!!! Ansiosa pra ler seu livro! ❤️❤️❤️