#35 - Se o Brasil ganhar a Copa eu vou...
Escrever uma news sobre isso, mas hoje é sobre Coca-Cola
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"Se o Brasil ganhar a Copa eu vou..."
Sem querer peguei a latinha de Coca-Cola que completava a frase com "chamar a sogra para morar em casa". Por acaso a sogra estava em casa. Uma baita coincidência, já que ela não vem muita vezes.
Brinquei com ela. Disse que precisávamos fazer uma foto juntas. Na foto, olhei pra cima, como se estivesse esperando uma salvação divina. Ela deu um beijo no ombro. Minha sogra deu um beijo no ombro! Justo ela, que é difícil até de sorrir para a foto.
O registro ficou bem engraçado e a história, do jeito como contei acima, poderia ser uma propaganda da Coca-Cola. O efeito da Coca-Cola na vida das pessoas. A alegria de compartilhar momentos. Aliás, não era mesmo este o slogan, “share a Coke" (compartilhar uma Coca)?
Isso me lembrou uma aula de marketing em algum tempo remoto da minha vida, quando o professor perguntou à classe: “Alguém sabe me dizer o que a Coca-Cola vende"?
- Refrigerantes? - Arriscou o mais corajoso.
- Bebidas diversas? - tentou outro.
Nada disso. Coca-Cola vende FELICIDADE. Reparem nos comerciais. As pessoas estão sempre tão felizes, acompanhadas de amigos e da família.
E as propagandas de Natal então? Natal é uma coisa muito Coca-Cola, não é? Aliás, alguém aqui já ouviu a história que foi a Coca que inventou o Papai Noel?
Na verdade, a empresa ajudou a desenvolver a imagem do bom velhinho, com barrigão, barbas branquinhas e roupa vermelha, ao contratar, em 1930, os serviços do ilustrador Haddon “Sunny” Sundblom, para que ele desenhasse o Papai Noel para a campanha publicitaria da empresa daquele ano.
Aí a gente cresce e a nutricionista fala pra gente não beber mais refrigerante.
Foi justamente o discurso sobre saúde e novos hábitos alimentares que ameaçavam a Coca no início dos anos 2000. A marca estava começando a perder sua identidade entre os jovens adultos. Não conseguia mais falar com eles, se aproximar. Fico imaginando o time de marketing se sentindo como pais de adolescentes, se perguntando como falar com essa molecada.
Foi quando uma campanha, liderada pela Coca-Cola da Austrália e lindamente executada pela Ogilvy, apareceu. A ideia era utilizar-se de um recurso de neuromarketing: o uso do primeiro nome.
Pausa aqui.
Quando alguém me chama pelo nome e eu não me lembro do nome da pessoa, fico paralisada. O pior é que sou péssima em guardar nomes. Repito: péssima. Mas guardo fisionomias e apelidos. Então, se eu te der um apelido, é porque não me lembro do seu nome, me desculpe.
Mas é tão bom, tão íntimo ter alguém nos chamando pelo nome, não é? Traz uma sensação de proximidade… E nós adoramos ver nossos nomes por aí. Nos Estados Unidos você encontra um monte de souvenir com nomes próprios. Ímãs de geladeira, chaveiros, tudo o que é tranqueira e eu a-do-ro. Sempre fico buscando o meu nome entre os Johns, Ashleys, Peters e Marys.
Uma lata de refrigerante com o meu nome é digno de postagem no Instagram. Afinal, aquela Coca-Cola com o nome de Andrea, não é da Coca-Cola Company, é minha. Não tem como um produto produzido em larga escala ser mais personalizado que isso.
Lembro-me de um dia, quando cheguei na casa da minha mãe pela primeira vez com meu filho recém nascido e, no almoço, ela colocou na mesa uma garrafa de Coca-Cola com o nome dele, “Rafael". Achei tão fofo e eles gostaram tanto de fazer essa surpresa… “Seu pai achou no mercado". Pausa de novo pra eu fazer coraçãozinho com a mão.
Tá vendo?
O que a Coca-Cola vende mesmo? Felicidade!
A principal estratégia de marketing da bebida, que é fazer com que as pessoas associem bons momentos com a Coca, me pegou de jeito. Justo eu, marqueteira.
Sobre a chamada à Ação
Regra de marketing: estimule seu consumidor a fazer algo. É o tal do CTA, call to action, ou chamada pra ação.
Share a Coke! Compartilhe uma Coca-Cola. A chamada à ação foi extremamente bem definida e bem direta. Share a coke with Andrea. Compartilha uma Coca comigo, pô.
Sobre as redes sociais e o tal do UGC (User Generated Content ou “conteúdo gerado pelo consumidor”)
A campanha não foi só bonitinha. Ela teve tanto sucesso que foi replicada no mundo todo, com êxito. Só nos Estados Unidos, a bebida teve um aumento de 11% nas vendas em 11% em receita, em comparação com o ano anterior. Sem contar as inúmeras postagens dos consumidores (leia-se mídia espontânea) em todas as redes sociais com a hashtag #shareacoke.
Aliás (adoro usar a palavra “aliás, já percebeu?), #ShareaCoke se tornou o tópico global de tendências número um no Twitter e acumulou mais de 1 BILHÃO de impressões.
Você leu certo, 1 BILHÃO. Surreal, né? A partir daí a Coca aprendeu que o seu consumidor não quer somente ser um receptor de suas mensagens e conteúdos, ele quer ter um papel ativo na comunicação da marca. Ele quer conversar, ser ouvido. Foi aí que a marca tirou seu próprio logo de seus rótulos e colocou o nome do consumidor. Ou seja, ele é o protagonista.
As redes sociais foram tão impactantes ( e numa época em que o Instagram era só mato), que, a diretora de marketing da Coca-Cola, que liderou a primeira campanha na época, ao ser perguntada sobre o que faria diferente, disse que não gastaria tanto com anúncios de televisão. As redes sociais dariam conta do recado.
Icônica essa campanha. Caiu uma lágrima aqui.
Se o Brasil ganhar a Copa, confesso que não vou chamar a sogra pra morar aqui. Definitivamente, não. Mas a Coca-Cola vai ter. Coca Zero, só gelo, sem limão.
Que mais, Andrea?
🧟 Vem aí: documentário sobre Michael Jackson para comemorar os 40 anos de Thriller. 40 anos, gente! E eu ainda sei a coreografia…
✈️ Foi sem educação no avião? Vai ter castigo! Companhias aéreas compartilham lista de passageiros mal-educados e podem bani-los por 5 anos.
🧙♀️ Assisti Abracadabra 2 e gostei muito. Fica a dica pra ver com as crianças. Aproveita e entra na treta de outubro. Eleições? Não, não: comemorar ou não o Halloween, já que é uma “festa importada que não tem nada a ver com o Brasil". Eu comemoro.
🎞️ Assisti Amsterdam no cinema e achei horrível. Um filme que tinha muito a oferecer, com atores incríveis, não conseguiu me empolgar, não envolveu e pareceu forçado.
Pra terminar…
Às vezes o meme vem pronto.
Hoje não segui o modelo de news de sempre, com crônica - marketing - links. Foi meio que tudo junto e misturado. Espero que tenha gostado.
Nos vemos na próxima!
- Andrea
(pra falar comigo, basta responder este e-mail ou escrever para andrea@ideaonline.com.br. Vou adorar!)
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A minha coca é normal, com gelo pls, rs