#33 - Preciso falar sobre ela
E também sobre a importância dos vilões para o storytelling
Esta é a semana que a minha pra sempre bebezuca, Mariana, completa 5 anos de idade. Uma vida, pra quem nasceu outro dia. Por isso, essa edição é pra ela e sobre ela. Desculpa, gente, mas cada vez que um dos dois faz aniversário, fico meio bobona, chorona, encantada e monotemática.
Antes de começar a rascunhar uma crônica sobre ela, encontrei um texto que escrevi quando ela tinha oito meses. Incrível ver que Mariana mostrou sua personalidade forte antes mesmo de aprender a falar. Ela é a mesma pessoa que descrevi no texto. Nossa little miss sunshine e adorável terrorista.
Segue o texto.
* * *
Mariana chegou chegando. Chegou pra me mostrar que sempre há como amar mais. Com ela descobri que o coração pode aumentar de tamanho. Não só pode, ele aumenta de verdade, pude senti-lo se expandindo no momento em que ela nasceu.
Veio cabeludinha, moreninha, sorridente. Tranquila e brava, como pode? É a miss Simpatia do condomínio. Não há uma pessoa que passe por ela sem responder ao seu sorriso. Mas quando não gosta de alguma coisa, nos encara com seus grandes olhos negros e rosna. Sim, senhores, ela rosna feito cão bravo.
Quando está feliz mexe as mãos e os pezinhos em círculos e grita um gritinho alegre e bom de escutar. Quando está infeliz chora mesmo. Chora alto, endurece o corpo, não se deixa acalmar muito facilmente. Uma louca dramática, eu diria.
Mariana adora o irmão. Acompanha seus passos o tempo todo. Multiplica o sorriso pra ele, ri de suas estripulias, faz de tudo pra agarrar seus cabelos, roubar seu Mickey ou sua chupeta e grita de alegria quando ele passa.
Mariana também adora se esparramar no colo de sua babá de ombros largos e peito farto, mas também pega no sono no carrinho, quando ele é empurrado na varanda, onde ela pode ver o movimento de carros lá embaixo, na avenida. Também pega no sono observando a fonte de água do condomínio, o balanço das palmeiras ao vento ou após acompanhar o vai e vem da bolinha em um jogo de tênis.
Com seus 8 meses, ainda não sabe engatinhar, mas adora se segurar nos dedos da mamãe para ficar em pé. Quando sentada, já começa a buscar pelos dedos, uma mãozinha agarra o dedo de uma de minhas mãos e a outra mãozinha o dedo da outra mão, ela pega impulso e sobe. Também já está desenvolvendo sua própria comunicação. “Hum-hum-hum” é como ela nos chama e, quando está no colo, aponta a mãozinha para onde quer ir. Se está na sala e ouve minha voz no escritório, aponta pra lá. Quando acorda e é tirada do berço, aponta para a porta pra sair.
Graças ao bom Deus, Mariana dorme melhor que o Rafael. Na maioria das noites acorda apenas 1 vez. Há noites que não acorda nenhuma! Claro que temos nossas noites de tormenta, mas o saldo tem sido positivo até agora. Ao ser colocada no berço, se vira de lado e abraça o rolinho de proteção. Acostumou-se tanto a fazer isso que, quando termina de mamar, se vira no meu colo e me abraça, como se eu fosse o rolinho.
Mariana é boa de garfo. Come de tudo, gosta de tudo, do brócolis ao inhame. Quando está na cozinha já começa a salivar. Quando vê sua colher abre a boquinha e abocanha a comida com gosto. Dá pequenas mastigadas, embora só tenha os dois dentes de baixo. Essas “mastigadas” são acompanhadas por um barulhinho tão gostosos de escutar, como se a comida desse pequenos e delicados estalinhos em sua boquinha banguela. Ainda não sabe mamar direito na mamadeira. É adepta do peito e ainda a estamos educando na arte de sugar um bico artificial. Não nego que não tenho tanta pressa assim, pois adoro acariciar sua cabecinha tão redondinha durante as mamadas. É nosso momento.
Há tanto a falar sobre Mariana em tão pouco tempo de sua existência, há tanto a registrar aqui sobre seu jeitinho, seu sorriso, suas manias de bebê, mas o que a Mariana faz de melhor é preencher as nossas vidas. Mariana chegou para completar nossa família. Só faltava ela.
Arlequina. Ah, a Arlequina…
Impossível falar de Mariana hoje em dia e não falar de Arlequina.
Pra quem não sabe, a Arlequina faz parte do universo da DC Comics como uma das vilãs do Batman. O filme sobre ela, Aves de Rapina é bem pesado pra uma criança de 4 anos, mas a Mariana se apaixonou pela personagem do desenho Super Hero Girls.
Nesta série, Arlequina é amiga do colégio de diversas heroínas, como a Batgirl e a Mulher Maravilha. Mas ela é aquela colega que só faz bagunça e eu acho que é aí que começa a identificação da adorável terrorista daqui de casa com a personagem.
É por isso que vou falar de vilões na segunda parte desta newsletter.
O storytelling, ou a “contação” de histórias, é algo muito essencial para a comunicação como um todo, como já falamos nesta edição da news aqui.
Uma boa história possui, pelo menos, quatro elementos básicos: um protagonista, um propósito, um conflito e um antagonista. Esse modelo clássico funciona na literatura, nos filmes e também no marketing.
Hoje vamos falar de um destes elementos: o antagonista, que não necessariamente é um vilão malvado, mas, como a Mariana incorporou a Arlequina, vou chamá-lo de vilão. Esse cara tem uma importância imensa no storytelling.
Como disse Robert McKee, autor de Storynomics, “Um protagonista de uma história só pode ser tão intelectualmente fascinante e emocionalmente atraente quanto as forças do antagonismo os tornam”.
Ou seja,
Reparou que entre os elementos está o antagonista? Não necessariamente estamos falando de um vilão malvado, mas vamos chamá-lo de vilão. Ele tem uma enorme importância no storytelling.
Como disse Robert McKee, autor de Storynomics, “Um protagonista de uma história só pode ser tão intelectualmente fascinante e emocionalmente atraente quanto as forças do antagonismo os tornam”.
O que seria do Batman sem seus arqui-inimigos? Ou do Superman sem Lex Luthor? A aspirina sem a dor de cabeça? O herbicida sem as plantas daninhas de uma plantação? A dificuldade, o antagonismo, as forças que formam uma barreira para que o herói alcance seus objetivos são o que realmente o tornam especial.
Ou seja, não há melhor maneira de destacar seu herói do que criar um grande vilão.
Quando o vilão ataca o herói, quando o coloca contra a parede e faz com que ele tenha que tomar uma decisão importante (salvar Louis Lane ou barrar o trem a toda velocidade), ele está fazendo com que o herói mostre-se mais humano. Suas decisões e atitudes em momentos de confronto ressaltam as suas melhores características ao público.
Ou seja, melhor que falar que o Spiderman é rápido e forte, coloque-o de frente ao seu inimigo. As histórias são sempre sobre a transformação pela qual o Herói passa do começo ao fim. Como disse o storyteller Nathan Baugh em seu blog: “o vilão serve pra um propósito: empurrar o Herói para se tornar melhor do que seria de outra forma”.
Como marca, seu cliente é o Herói. O vilão é o problema que ele enfrenta, sua dor principal e a marca entra como um analgésico, para aliviar sua dor.
Estou em Londres!
Essa era uma viagem de 2020, que está acontecendo só agora. Até me emocionei quando o piloto anunciou que estávamos em procedimento de descida.
Por conta da viagem e do aniversário da Mariana, havia começado a escrever essa edição da newsletter, mas faltava terminá-la. Queria ter pesquisado mais sobre o papel do vilão no storytelling e trazido alguns exemplos, mas não deu. Fica para a próxima. Prometo que volto neste assunto.
Ah, semana que vem não tem newsletter. Tenho reunião com o Rei Charles III sobre sua nova logomarca. Como será que ele vai reagir quando eu disser que parece do Cristiano Ronaldo?
Um beijo e até a próxima!
- Andrea
(Para falar comigo, responda este e-mail ou escreva para andrea@ideaonline.com.br)
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