Pra compensar 2020, um ano em que não li nada por pura estafa, em 2021 consegui cumprir meu desafio de leitura do Goodreads. Estabeleci 12 livros como meta e acabei lendo 16. Fiquei super feliz com a conquista. Adoro ler, mas às vezes sou consumida pelo feed do Instagram e, quando vejo, estou no app há um tempão e já é hora de dormir porque o dia aqui em casa começa cedo. Que sugador de tempo que as redes sociais são, affmaria.
Mesmo assim consegui ler. Não consegui ver todo o que eu queria na televisão, mas paciência. Não dá pra ter tudo, não é?
Então, se você está procurando alguma leitura para iniciar 2022, talvez um dos livros abaixo sejam interessantes. Coloco aqui a minha opinião pessoal sobre cada um. Se você leu algum ou vai ler, quero saber o que achou. Adoro discutir livros!
Vamos lá!
Comecei o ano com a biografia da Claudia Raia, brilhantemente escrito pela Rosana Hermann e amei. Amei porque sou fã dela, da carreira dela, da coragem em investir em teatro musical no Brasil.
Embora tenha sido escrito por Rosana Hermann em primeira pessoa, tive foi que a própria Claudia estava falando. Inclusive, a imaginei contando suas histórias com aquele vozeirão, fazendo caras e bocas, sabe?
Confesso que senti falta de um pouco mais de profundidade em alguns assuntos, como o divórcio com o Celulari. Profundidade não em detalhes, mas em sentimentos. Talvez porque eu escreva com muito sentimento ou talvez porque, diante do tanto que ela passou e conquistou, as barras superadas ficaram tão pra trás que entraram no livro en passent.
Amei muito! Este é, com absoluta certeza, um livro cinco estrelas.
A história se passa em uma cidade pequena do Alabama, na década de 1930. Já viu que estamos falando de uma sociedade extremamente racista. Agora imagine que um advogado da cidade (branco) resolve defender um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca. Essa decisão faz com que a cidade aja com total desprezo com sua família. Quem narra o livro é a filha do advogado, de apenas 8 anos e, na minha opinião, é o que dá a beleza ao livro. Suas observações sobre o caso, a percepção do que acontece ao redor e a união de sua família fazem com que esse romance seja delicado, lindo e emocionante.
De novo: AMEI!
Mais um livro 5 estrelas pra minha lista de 2021. Perceberam que comecei o ano bem, né?
Pra começo de conversa, adoro livros ambientados em Paris, então voilá! Na verdade, esse romance se passa em um condomínio de luxo de Paris e vai alternando as vozes das suas narradoras. Ora estamos “ouvindo” os pensamentos da ranzinza e reservada zeladora, “ora” de uma menina extremamente inteligente, com apenas de 11 anos, moradora do condomínio e que, por desprezo à sua família e o modo de viverem, pensa em se matar.
As duas se identificam uma na outra, especialmente pelo desprezo à sociedade louca em que estão inseridas e suas histórias vão se misturando, até que…
Sem spoilers! Hehehe. É uma baita leitura!
Soco no estômago.
Ah, mas então você não indica o livro?
Indico muito! Sabe por que? Pra sair da bolha. Esse livro é mais sobre a crueldade contra a mulher, é sobre isso ser culturalmente aceitável em diversas regiões.
É sobre o pior de uma ditadura comunista e como esse regime foi capaz de deixar marcas profundas em uma sociedade. É sobre diversidade quando se busca, até hoje, ser minimamente igual. É sobre resiliência. Sobre força também, porque acredito que as duas andam juntas. É sobre história e cultura, quase como viajar. Em um momento que se fala tanto da China, se faz importante a busca por conhecimento sobre esse país tão populoso e seu povo. Por fim, é sobre respeito e empatia. A autora dá vozes a chinesas que nunca foram ouvidas, de maneira extremamente respeitosa e delicada.
Mais um 5 estrelas!
O que posso falar desse livro?
Se ele me fez pensar na vida? Sim, fez.
Mas principalmente, ele abriu meus olhos pra algo que eu não havia me dado conta: a morte para mim é um tabu. Pra você também é?
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É tão tabu falar de morte, que eu demorei a terminar esse livro. Eu ficava um tanto deprimida ao ler, por pensar na minha morte, e na morte das pessoas que eu amo.
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Mas, na verdade, o livro é sobre como exercer os cuidados paliativos com respeito, como lidar com o paciente, com os familiares e - um ponto que eu achei bem interessante - sobre como cuidar e estar próximo de alguém que está morrendo é um privilégio, pois é nesse momento que você presencia toda a verdade dessa pessoa, que também enxerga a sua verdade nua a crua.
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É também um livro sobre a vida. “Morremos antes da morte quando nos abandonamos”, diz uma das passagens que eu grifei. Mas confesso que, mesmo que a parte sobre a morte me entristecesse, quando a autora começou a falar sobre a vida, o livro me cansou. Ficou clichê, sabe?
Peguei a dica no perfil de uma influencer que tem podcast bacana e clube do livro. Ela amou, as seguidoras amaram, está com quatro estrelas no Goodreads, mas, meu Deus do Céu, que livro ruim. Ruim e mal escrito.
Talvez essa tenha sido a minha percepção depois de ter lido livros monstruosamente bons, como A Elegância do Ouriço e O Sol É Para Todos, ambos com narrativas bem elaboradas e com o fino da literatura, mas, me desculpem, achei péssimo. Pra não dizer que ele é totalmente um desperdício, o final me surpreendeu. Pronto, isso é tudo o que ele tem de bom. Hahaha.
De qualquer forma, taí o link para quem quiser comprar, ler e tirar suas próprias conclusões. Só não doo o meu porque está no Kindle. Grazadeus gastei pouco nisso.
"Quando deram a liberdade aos negros, nosso abandono continuou. O povo vagou de terra em terra pedindo abrigo, passando fome, se sujeitando a trabalhar por nada. Se sujeitando a trabalhar por morada. A mesma escravidão de antes fantasiada de liberdade. Mas que liberdade?"
Torto Arado conta a história de um povo de descendentes de escravos que trabalha por quase nada (uma segunda escravidão), que não é visto, que lutam para ter alguma coisa. Adorei o início do livro, que é puramente literatura. Nas partes seguintes, achei que o autor ficou repetitivo, que o linguajar não foi alterado entre uma personagem e outra (são 3 vozes narradoras, uma parte para cada) e que ficou com cara de tese de pós-graduação em sociologia ou outra ciência humana.
Não sei… Achei que amaria, mas, embora seja importante para dar voz à quem é quase invisível, como romance não me conquistou.
Não adianta disfarçar, Elena Ferrante me conquistou mesmo.
Esse romance mostra conflitos de uma adolescente que ouve sem querer seu pai sussurrando para a esposa que a filha é muito feia. Feia como? Esteticamente ou com falha de caráter? Será que essa feiúra é uma herança de sua tia Vittoria, renegada pela família?
Dois anos depois desse episódio, o pai da adolescente sai de casa e o lar que ela conhecia, que representava proteção e amor, começa a desmoronar. Com isso, várias questões existenciais começam a surgir e a busca pela tia e restante da família renegada faz parte de sua busca pelo auto conhecimento.
É tão legal essa busca, pois é quando a menina sai de sua bolha e conhece uma Nápoles mais cinza, menos favorecida e o livro traz esse contraste a todo instante.
Como é difícil a adolescência! Mais ainda quando há um conflito dentro de sua própria família. Um livro lindo.
Que surpresa que foi esse livro!
Uma leitura fluida, gostosa, em torno de um tema complicado: o dia a dia durante a ditadura de Pinochet, no Chile de 1988. Neste ano, o ditador cede a pressões internacionais e anuncia um plebiscito pelo qual a população decidirá se ele continuará no governo. Adrián Bettini, um renomeado publicitário, envolve-se na campanha de oposição e vê a chance de transformar a história de seu país.
Tem publicidade, tem o bem vencendo o mal, tem angústias adolescentes, tem referências à poesia, à musica, tem humor, a leitura é dinâmica, com frases, parágrafos e capítulos curtos.
Recomendo muitíssimo!
Detalhe: li esse livro achando que estava lendo Tudo é Rio, simplesmente pelo fato de a personagem principal viver às margens de um rio. Pode revirar os olhos, eu mereço.
Esse é um livro que foi muito bem avaliado no Goodreads, mas não me conquistou. Achei a história difícil de engolir. Sabe quando tudo lhe parece um absurdo? Além disso, tem muita descrição da fauna e flora local e isso simplesmente não me atrai.
Sobre o que é: a partir dos seis anos de idade, Kya foi lentamente abandonada por todos em sua família, até que ela se tornou a única pessoa a viver em um pequeno barraco na periferia da cidade. Com o passar dos anos, evitada por toda a cidade, ela lentamente se tornou conhecida como a "Garota do Pântano", uma criatura selvagem e solitária que poucos conheciam e mais temiam. Esta é a história dela. E quando o menino de ouro da cidade morre, velhos preconceitos surgem, e Kya vira a principal suspeita da cidade.
O enredo é bom, milhares de pessoas do mundo inteiro amaram, então, mesmo que não tenha me conquistado, talvez conquiste seu coração. Vale dar uma chance. Ah, parece que vai virar filme.
O Bookster não gostou muito, mas eu adorei.
Você já teve vontade de hibernar? Sumir? Dar um reset na vida? A protagonista do livro “Meu Ano de descanso e relaxamento” tinha uma vida aparentemente perfeita, mas se sentia vazia, achava que a vida dela era horrível e pensava que, se ela conseguisse dormir durante um ano inteiro, acordaria renovada. Tipo reset mesmo.
Pra isso, ela encontra a psiquiatra perfeita: a Dra. Tuttle é totalmente irresponsável em prescrever remédios cada vez mais fortes para nossa protagonista, que não tem nome. Assim, um ano passa entre apagões e brancos e o livro nos mostra, com bastante ironia essa experiência bizarra de dormir durante um ano, pra tentar renascer das cinzas como uma fênix.
Minha opinião: AMEI! Achei super pertinente pro momento, pois estamos vivendo em uma sociedade cada vez mais exausta e que as vezes sente necessidade de se alienar, pra conseguir seguir em frente. A ideia é bizarra, mas a autora conseguiu desenvolver o enredo muito bem, deixando o livro às vezes triste, as vezes hilário, mas no ponto certo.
O que dizer desse livro? Acho que posso começar com “eu esperava mais”.
Um dos livros de ficção mais vendidos dos EUA, com várias boas opiniões de leitores no Goodreads, tem um tema central sensacional: nossos arrependimentos e o questionamento que fazemos sobre as escolhas das nossas vidas.
Acho que todo mundo se pergunta “e se”, não? E se eu não tivesse largado as aulas de piano? Se tivesse estudado paleontologia? Se tivesse ido morar nos EUA ao invés da Austrália? Se tivesse aceitado aquela outra oferta de emprego?
No livro, a protagonista encontra-se na Biblioteca da Meia Noite, um lugar entre a vida e a morte, cheia de livros sobre a sua vida e sobre as diversas vidas que você poderia ter vivido se tivesse tomado diferentes decisões.
Como disse, um tema central sensacional, não é?
Mas não sei... Na MINHA opinião, o livro se alongou demais, se perdeu um pouco nas milhares de vidas que a personagem pôde ter, deixou de se aprofundar nas vidas ligadas aos seus maiores arrependimentos e ganhou um “quê” de auto ajuda. Não que isso seja um demérito, mas eu esperava mais emoção, sabe?
Mesmo assim, acredito que seja um livro que nos ajude a fazer um balanço de nossas próprias vidas, além de deixar uma mensagem bacana, de que a vida é o que temos hoje e, a cada dia que vivemos, ganhamos uma oportunidade nova.
💬 “Você não precisa entender a vida. Precisa apenas vivê-la.”
Esse livro delicioso que mostra uma das atrizes de cinema mais famosas e mais reservadas dos anos dourados de Hollywood abrindo seu coração para uma jornalista iniciante, que não sabe como e nem porque foi escolhida para ser sua biógrafa.
A história é envolvente e a linguagem tão moderna que se tem a sensação de estar assistindo um seriado. Li em uma semana. Só não li em menos tempo porque me obrigava a parar para dormir.
Evelyn Hugo casou-se sete vezes e, enquanto conta sobre seus casamentos pela primeira vez na vida à jornalista iniciante Monique, vai entrando em questões delicadas como relacionamentos abusivos, violência doméstica, drogas, homossexualidade na indústria cinematográfica de antigamente, entre outros. Ela é forte, sabe o que quer e se coloca sempre como protagonista da própria vida. Mas, em seu íntimo, vive uma dualidade: a personagem, atriz de cinema e poderosa Evelyn Hugo e Evelyn Herrera (seu nome real), mulher cubana, de pele escura, que queria uma vida melhor que a da sua mãe.
Deu pra sentir o roteiro?
Agora minha humilde opinião: adorei, mas não foi o meu livro favorito da vida. Achei que faltou profundidade em diversos personagens, inclusive o da própria Monique, a jornalista que a entrevista e seus casamentos, que foram tratados de forma superficial, com muita narrativa e pouca introspecção, pouco sentimento. Mas nada que atrapalhasse o entretenimento que o livro proporciona.
Comecei a ler esse livro e pensei que seria uma leitura boba. Ele começa com o relato pessoal de um gato de rua sobre como encontrou seu humano. Sim, é o relato do gato. Sim, isso me deixou com a sensação de estar lendo uma fábula.
Porém, fui sugada pelo livro. A voz narradora não é sempre a do gato (Nana), ela se mescla com memórias de Satoru, seu dono, porém, as observações espirituosas do gato deixam a história mais divertida.
Nana e Satoru tornam-se inseparáveis por 5 anos, até que, por algum motivo, Satoru diz que não pode mais cuidar de Nana e isso dá início a busca de um novo dono para ele. Satoru e Nana então percorrem diversas paisagens do Japão, visitando amigos da escola e faculdade de Satoru que poderiam ficar com o gato.
Enquanto humano e seu bichano vão construindo memórias e vivendo momentos inesquecíveis, nós vamos conhecendo um pouco da história de vida de Satoru. Com isso, os personagens vão crescendo ao longo do livro e nos emocionam em diversos momentos.
Esse é um livro extremamente delicado, de narrativa doce, que me fez chorar mais de uma vez. Ele fala de perdas, de amizade e principalmente de amor. Costumo dizer que não gosto quando adivinho o final de um livro. Pois o final desse vai sendo entregue devagar pela autora e saber o que vai acontecer, por incrível que pareça, torna a leitura mais emocionante.
Recomendo fortemente!
Gente Ansiosa de Frederik Backman conquistou 5 corações aqui comigo por diversos motivos. O primeiro deles é o modo como foi escrito: frases curtas, bem humorado e com uma narrativa rápida, mas deliciosa.
Segundo porque eu adorei os personagens, as interações entre elas e como algumas histórias se misturam.
Terceiro porque eu fui formando um pré conceito de cada pessoa que está ali, presa no apartamento, feita de refém por um assaltante de banco em fuga, mas, ao longo do livro, fui conhecendo suas batalhas internas, suas histórias de vida e mudei completamente a imagem que fiz deles.
Essas pessoas que estão no apartamento estão lá visitando um apartamento na antevéspera de ano novo e o ladrão de banco não é bem um ladrão de banco. Ele está lá somente pra resolver uma questão financeira dele e acaba enfiando os pés entre as mãos.
Em quarto lugar, enquanto a história vai se desenrolando, o autor coloca vários questionamentos sobre a vida, sobre o modo como temos vivido, sobre relacionamentos e até sobre o sistema econômico que eu amei. Não eram questionamentos chatos, difíceis de ler, sabe? Tudo estava ligado à história e ao contexto de vida de cada personagem e com um excelente humor. Aliás, o humor é um ponto alto do autor e meu livro só não está todo grifado porque não é sempre que tenho uma caneta marca texto comigo.
Quinto porque amei o desenrolar da história e a maneira como terminou. Senti saudades de todos que estavam naquele apartamento e AMEI o final.
Por último: virou série na Netflix! Ainda não comecei a ver (estreou dia 29/12/2021), mas não vou demorar para começar porque esse foi um dos meus livros preferidos de 2021.
Finalmente o livro do ano segundo muita gente. Hehehe.
Devorei suas páginas como se fosse uma novela. Envolvi-me com as personagens e suas histórias. Senti palpitações, desprezo, excitação, tristeza, enfim, uma enxurrada de sentimentos, como é de se esperar quando se lê um romance.
Só não ganhou meu coração todo, porque não gostei do final e não darei spoilers aqui, mas, se você já leu, quero saber o que achou, porque é polêmico.
Por fim: leia!
Não sei quantas centenas de palavras tem esse post, mas fica aqui registrado meu diário de leituras do ano passado. Lembrando que essas opiniões são pessoais e, se você discordar de mim, me chama! Quero ouvir diferentes pontos de vista e, quem sabe, podemos escrever juntos sobre algum dos temas, que tal?
Um beijo e até a próxima!
Andrea
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Prazer, meu nome é Bond; James Bond. Adorei sua ideia, Andrea Cristina. Começou muito bem com as sinopses de seus livros. Um comentário construtivo (odeio a palavra "crítica"): eu teria dividido este post maravilhoso em três posts distintos. Mas valeu muito. Serei um leitor assíduo. Good night!