Enquanto isso, no metaverso...
Entre erros e acertos, as marcas exploram esse novo universo
Peguei Covid. Fiquei arrasada. Achei que seria highlander e escapar. Falava pra todo mundo: eu não vou pegar. Meu sankalpa na aula de yoga era sempre “meu corpo é fechado". Não deu.
Isolada em casa, sem poder jogar meu beach tenis ou levar as crianças para passear em uma semana ensolarada de suas férias, pensei muito sobre o início da pandemia e me lembrei de algumas coisas que me chamaram a atenção na época.
Uma delas foi o impacto do isolamento nos eventos sociais. Tinha gente com casamento marcado, que desmarcou (será que continuam juntos?). Teve gente que ia comemorar a formatura com os amigos, mas não rolou.
Foi quando muitos eventos começaram a acontecer no metaverso, em plataformas como Minecraft, Roblox e Fortnite.
Então, nessa news teremos:
Um pouco do metaverso para marcas de luxo
O metaverso para promoção de exposições de arte
Um exemplo de ação que não deu certo
O incrível uso da tecnologia pela organização do Australian Open
Dica de um filme que me emocionou
Pra começar, fui atrás do que era esse tal de metaverso.
Pra quem não sabe, vamos simplificar:
O metaverso é que um ambiente virtual em 3D, com vários cenários - ou “mundos”, como diz meu filho. Nesse ambiente, você é representado por um bonequinho (chamado de avatar) e consegue interagir com as pessoas (que também estarão lá representadas por seus avatares) e com o próprio ambiente.
Os mais cringes vão perguntar: “é tipo Second Life"? É sim.
Desde lá, vejo notícias sobre o metaverso toda semana e a maior parte delas é relacionada a exposição de marcas nesse ambiente virtual.
Exposição de marcas?
Ora, se o cliente está lá, é pra lá que eu vou.
Muitas empresas começaram a oferecer seus produtos de forma digital e a criar seus próprios mundos a fim de oferecer experiências distintas para os usuários das plataformas.
»Vamos aprofundar antes de exemplificar?
Os produtos oferecidos pelas empresas são, em sua maioria, NFTs.
Oi?
NFT é a sigla para “non-fungible token” ou token não fungível. Confesso que quando ouvi isso pela primeira vez, não entendi absolutamente nada. Mas descobri que um NFT é um ativo digital único.
Ele não pode ser replicado e possui um código, registrado na blockchain, que o torna único. Por exemplo, se você compra um sapato, ele é único e ele é seu. No ambiente virtual, se você adquire, pro seu avatar ficar bem na fita, um moletom da GAP, você está comprando um NFT. Nenhum outro avatar tem o mesmo moletom da GAP que você.
Tem um artigo EXCELENTE sobre NFTs no site Mundo Conectado. Sugiro a leitura pra se ter uma visão mais ampla do tema. É só clicar AQUI.
» E as experiências de marca?
No ano passado testei uma delas: entrei no jogo Roblox do meu filho para conhecer o Gucci Garden, uma réplica do Palazzo da Gucci em Florença, na Itália. Mostrei um pouco dele neste Reels aqui.
Assim como a Gucci, diversas marcas têm explorado essa nova tecnologias. Nessa reportagem da Forbes AQUI, tem mais alguns exemplos de como as marcas de luxo podem lucrar no Metaverso.
Como publicitária, enxergo o metaverso como mais um canal de vendas. Na verdade, é como se a empresa abrisse uma loja ali naquela esquina digital que seus clientes costumam frequentar. Por isso, as experiências das marcas nesse universo devem ser pensadas mais ou menos como as experiências em lojas físicas, com design bacana, música e com muita interação do cliente com os produtos e com a própria loja.
Por ora, acredito que, embora as marcas já estejam vendo algumas vendas de NFTs acontecerem no metaverso, tudo ainda é muito experimental. Ainda vamos ver muita coisa acontecendo nesse universo.
🎨 Enquanto isso, no ramo das artes…
Uma parceria bem diferentona foi revelada semana passada.
Existe uma galeria de arte pequena, mas cheia de prestígio em Londres, chamada Serpentine Gallery, que está com uma exposição em cartaz do artista de rua Kaws, nomeada New Fiction. Eis que o Fortnite criou uma réplica da exposição no jogo, para que qualquer jogador que entre no modo criativo possa visitar.
Dá só uma olhada em como ficou:
Pensando sobre essa ação sob a ótica do marketing:
É super interessante ver essa mistura de games e arte, especialmente porque aproxima o público mais jovem à cultura. Mas olha que coisa curiosa: uma galeria pequena e super exclusiva foi espelhada em um jogo que recebe cerca de 30 milhões de jogadores todos os dias. Ou seja, ela provavelmente receberá milhões de visitantes. Ao mesmo tempo que populariza o acesso à arte, será que isso não vai valorizar ainda mais o acesso ao espaço físico, no mundo real? Será que a visita à pequena galeria vai virar algo aspiracional?
💣 Nem tudo são flores!
No ano passado, a revista TIME lançou, dentro do modo criativo do Fortnite, uma imersão a Washington DC dos anos 60, durante a marcha dos direitos civis.
Os jogadores podiam participar da marcha por 15 dias e ouvir “ao vivo” o icônico discurso “I have a dream” de Martin Luther King.

Quando soube dessa experiência pelo Trendwatching, minha primeira reação foi um grande “uau! Hoje em dia é tão mais legal aprender história...”.
Pobre de mim. Pobre também (mais ainda), de quem teve a ideia de colocar a marcha pelos direitos civis em um jogo onde uma pessoa mata a outra.
A ação é super bem intencionada, não há dúvidas, mas muitos jogadores do Fortnite não levaram muito a sério.
Ao invés de aproveitar a oportunidade de participar de um momento histórico e aprender sobre compreensão, colaboração e respeito, a ação foi alvo de zombaria, brincadeiras inapropriadas e desrespeito (chegaram a jogar coisas em Martin Luther King). Ou seja: um show de horror.
Olha aqui um exemplo disso que tô falando:

Sob a ótica do marketing:
Frente à inconsistência entre o objetivo do jogo (atirar e matar) com um evento sobre compreensão e amor ao próximo, pergunto: o Fortnite se perdeu em seu próprio branding ou será que a revista Time, na ânsia de abraçar o mundo virtual, deu um tiro no pé ao escolher uma plataforma não condizente com o projeto?
🎾 Se a Time errou, o Australian Open acertou. E foi um ace!
Olha só que legal essa ação do Australian Open:
A organização do evento dividiu a superfície de uma quadra de tênis em quadradinhos de de 19 por 19 cm. Deu exatamente 6.776 quadradinhos. Cada quadradinho foi ligado a uma bola de tênis virtual, que nada mais é que - adivinha só, um NFT.
Uma bola é diferente da outra. Elas são coloridas usando um algoritmo que combina esquemas de cores, padrões e texturas para criar 6.776 'bolas' únicas.
»O mais legal ainda está por vir:
As bolinhas não são apenas uma imagem estática, cada NFT está vinculado a dados de partidas ao vivo. Sempre que uma bola cai no terreno de um proprietário, esse detalhe é adicionado aos dados do NFT. E quando um dos 11 pontos decisivos do campeonato cair na quadra, o dono da NFT do lote correspondente receberá a bola de tênis real em uma caixa artesanal.
A coleção esgotou em três minutos.
Veja como está funcionando:

»Calma, que ainda não acabou:
O Australian Open também construiu uma versão virtual de seus terrenos em Decentraland, uma plataforma de metaverso. Lá, as pessoas podem jogar suas próprias partidas e interagir com outros fãs de todo o mundo. Os jogadores do torneio entrarão no Decentraland e os participantes poderão ver imagens ao vivo dos bastidores de mais de 300 câmeras.
Você consegue entrar e ver a ação AQUI (clique no botão “jump in"). Dá pra entrar como convidado (“guest”), sem precisar se cadastrar na plataforma. Vale a experiência, mas se não quiser entrar e estiver curioso(a), tem um videozinho aqui:

Eu achei essa ação (que se chama AO Art Ball) in-crí-vel. Ela mescla o mundo real com o virtual da melhor forma: experiência, produtos, NFTs, jogo online… Tudo isso preenchendo essa sensação de lacuna que existe entre o mundo físico e o virtual. Foi criada uma verdadeira imersão no torneio, que leva a marca AUSTRALIAN OPEN para além das quadras.
Além disso, a AO Art Ball é uma excelente oportunidade para o público em geral explorar as tecnologia emergentes do metaverso e compra de NFTs.
Essa ação também mostra a organizadores de eventos como eu, que há infinitas possibilidades de explorar o mundo virtual para completar uma experiência real.
Vejo isso como tendência e você?
Entre no site da ação pra ver tudo, até a coleção de bolas, que é linda.
É só clicar AQUI.
🎬 Já que falamos sobre tênis…
Quero deixar aqui a minha dica de filme: King Richard: Criando Campeãs, que está disponível no catálogo da HBO Max. Ele conta a história de Richard Williams, pai de Venus e Serena Williams que, com métodos pouco tradicionais, cria suas filhas para serem duas das maiores atletas de todos os tempos.
💌 Comprida essa newsletter?
Como esse troço chamado metaverso ainda é muito novo, achei que deveria ter alguns pontos mais explicadinhos por aqui, além de mostrar como diversos ramos (moda, jornalismo, eventos, etc) estão explorando esse novo espaço, com alguns erros e acertos.
Espero que você tenha gostado!
Me conta o que achou?
Um beijo,
- Andrea
(PS: para falar comigo, apenas responda esse e-mail ou escreva para andrea@ideaonline.com.br)
Obrigada por ler até o final e não se esqueça de compartilhar :)
👩🏻💻 curadoria e textos por Andrea Nunes, empreendedora, marketeira, curiosa e aspirante a escritora.
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