Calma, leitor.
NĆ£o Ć© o que vocĆŖ estĆ” pensando.
Mas ao mesmo tempo, nĆ£o Ć© fake news. Tampouco clickbait.
Em 2014 eu engravidei.
NĆ£o fazia terapia. nĆ£o sabia o que vinha pela frente e, assustada com a nova situaĆ§Ć£o, escrevi. Assim surgiu meu blog, o Engravidei.
O Engravidei serviu como um descarrego de emoƧƵes reprimidas durante essa minha primeira gravidez. Os hormĆ“nios em ebuliĆ§Ć£o trilharam toda narrativa das 40 semanas que vieram. Ćs vezes eu era fofa, Ć s vezes um cĆ£o raivoso.
Quando Rafael, o primeiro filho, estava prestes a completar 9 anos, decidi transformar o Engravidei em livro. A ideia jĆ” vinha sendo amadurecida hĆ” algum tempo e resolvi colocar a mĆ£o na massa. Tomei coragem, respirei fundo, sentei-me ao computador e escrevi a introduĆ§Ć£o.
NĆ£o passou disso.
Nunca foi prioridade, Ć© verdade. Era uma ideia que pairava como um balĆ£ozinho de pensamento de um gibi que, ao ser interrompido por alguma coisa ā qualquer coisa ā explode.
Mas a introduĆ§Ć£o estava lĆ”. Pronta.
Meses mais tarde, um pouco mais confiante na minha escrita, resolvi levar esse projeto a sĆ©rio. Encontrei uma mentora para me guiar, colocar datas de entrega e fazer aquela imagem tĆ£o imaterial de escrever um livro virar um compromisso assumido mesmo, sabe?
Funcionou. Ć verdade que tomou mais tempo do que eu pensei que tomaria, mas funcionou. Surpresa com a minha (serĆ” que Ć© nossa?) capacidade de me comprometer mais com outra pessoa que comigo mesma, o livro saiu. Faltavam apenas duas partes: a introduĆ§Ć£o e o final.
FƔcil. JƔ tinha um rascunho de um e uma boa metade jƔ escrita do outro, certo?
Pois Ć©, achei que sim. Vasculhei meu computador, semana apĆ³s semana, atrĆ”s desses dois textos e nada. Olhei em cada pen drive que tenho em casa, nos meus HDs externos, onde faƧo meus backups, em todas as minhas nuvens, nos rascunhos do celular, rascunhos do blog, no computador antigo e nada.
A vida nos prega peƧas o tempo todo. Precisaria escrever tudo novamente, mas eu nĆ£o lembrava nem como comeƧava.
Desanimada, enrolei minha mentora o quanto pude. AtƩ receber dela uma mensagem:
Andrea, querida, quando Ć© que vocĆŖ pretende me entregar o livro todo?
Encaro a mensagem sem resposta por dias. NĆ£o sei.
Qual Ć© o problema, Andrea? ā me pergunto insistentemente. Do que eu tenho medo?
Acredito que as coisas estejam interligadas, a gravidez e a escrita do livro. Precisei gestĆ”-lo por meses. Digerir a ideia de assinar algo como escritora pela primeira vez. Dar Ć luz a um sonho antigo e a uma nova maneira de me enxergar.
A maternidade faz isso tambĆ©m. A gente muda. Ć doloroso no inĆcio, porque mudar dĆ³i. Parir uma crianƧa e assumir a responsabilidade que ela traz Ć© assustador. Fiquei assustada por muito tempo durante as quarenta semanas da minha gravidez. Por vezes nĆ£o tinha com quem desaguar lĆ”grimas, destilar venenos e expressar raiva. Era quando eu escrevia.
Mas uma dĆ©cada inteira se passou. Abracei a mudanƧa. Sou feliz em ser mĆ£e. Encontrei-me na maternidade. Ou encaixei-me, nĆ£o sei.
Hoje, vendo meu filho completar dez anos e relendo os textos de quando o gestava, acho tudo um exagero. Tenho outros olhos. Escrevo de outra maneira. Mas eu era uma moƧa assustada com o que estava acontecendo em sua vida. Por isso, resolvi abraƧƔ-la. Dei-lhe voz e a coloquei no mundo, para que outras garotas assustadas nĆ£o se sintam sozinhas. Todo exagero Ć© vĆ”lido quando se tem um quadro em branco Ć frente.
Deixei o medo de publicar um livro com meu nome de lado para que outras mĆ£es se lembrem comigo de suas gravidezes. Dos momentos difĆceis e dos engraƧados. Das lĆ”grimas e dos sorrisos. E possam tambĆ©m abraƧar quem foram. Quem estĆ£o sendo. Quem serĆ£o.
Todo mundo torna-se diferente depois de uma gravidez e todo grande processo de mudanƧa Ć© uma histĆ³ria que vale ser contada.
O livro estĆ” pronto. NĆ£o sei bem o que fazer com ele. Posso publicĆ”-lo de forma autĆ“noma ou procurar uma editora. O caminho mais longo Ć© o da editora, mas Ć© o que eu quero, neste momento.
Mas antes, o que eu mais queria, era contar essa novidade para vocĆŖ: meu livro estĆ” pronto. Meu primeiro romance. Minha auto-ficĆ§Ć£o, como as da Annie Ernaux, para ser chique. Mas nem preciso da chiqueza. Estou muito feliz.
NĆ£o posso deixar de agradecer a quem me lĆŖ por aqui. VocĆŖ pode nĆ£o saber, mas o fato de existir, de ter deixado seu e-mail na pĆ”gina de inscriĆ§Ć£o desta newsletter, me impulsionou nessa jornada. Sua leitura me ajudou a me enxergar como escritora e a ter a energia e confianƧa necessĆ”ria para finalizar este projeto. Muito obrigada!
A partir de agora, sempre que eu tiver alguma novidade sobre o Engravidei, venho lhe contar. VocĆŖ vai acompanhar comigo todo caminho do livro atĆ© seu lanƧamento, combinado? Sem deixar de escrever as crĆ“nicas semanais, claro!
Ć por isso que finalizo hoje com o āa seguir, cenas do prĆ³ximo capĆtulo".
AtĆ© a prĆ³xima,
- Andrea
NĆ£o aprendi dizer adeus
Resolvi fazer dieta. Na verdade, quero parar de comer besteiras. Comer mais coisas feitas em casa, sabe? Para isso, pretendo:
Acompanhar mais a Rita Lobo e sua sƩrie de receitas de AirFryer
Fazer umas receitas do site Desacostuma, da nutricionista Paula Valansi, que Ć© co-autora da newsletter .
Fazer supermercado seguindo a lista de compras Ć risca.
Ler mais a da . Mais que conselhos nutricionais, ela fala da vida, das pequenas mudanƧas de hƔbitos e das nossas rotinas de forma leve, que acalmam a mente de quem se cobra demais por resultados (eu).
NĆ£o ser esganada.
Da Newslettersfera
š» A ediĆ§Ć£o que mais amei da , sobre o gĆŖnero terror.
āļø Um diĆ”logo com a inspiraĆ§Ć£o na .
šŖ£ O balde de Ć”gua fria que os criadores Ć s vezes levam dos amigos, na
šļø A nos ajudando com a wishlist de Black Friday, assim como era lĆ” nos idos de 2000 e pouco no It Girls.
š® Dei pro meu filho ler essa ediĆ§Ć£o do , com 25 jogos de 25 videogames. HistĆ³ria pura, que logo estarĆ” nos livros.
šļø JĆ” conhece a lojinha do Me Conta?
Mas deixo vocĆŖ ir
Agora sim:
A seguir, cenas do prĆ³ximo capĆtulo.
Um beijo,
Andrea
Ah, quero mandar direto por zap que Ć© mais fĆ”cil. EntĆ£o tĆ”: Clique aqui
Feliz demais em saber do seu grande passo, ainda mais com um tema desses (minha filha nasceu no ano passado, entĆ£o gravidez e seus perrengues ainda estĆ£o fresquinhos na minha cabeƧa)! E honrada em ser mencionada nesta ediĆ§Ć£o, obrigada!!! š·
Tudo o que vocĆŖ escreve sobre maternidade me emociona. Acho que me vejo um pouco nas histĆ³rias dessa Andrea, sabe? Ć como se vocĆŖ levantasse um pedacinho da cortina e deixasse eu espiar pela janela um pouco do que eu vou viver nos prĆ³ximos anos. Muito, muito ansiosa para ver esse livro prontinho! ParabĆ©ns pela conquista ā„ļøā„ļøā„ļø