As palavras voam por aí.
Não sei o que acontece.
Deixo-as escapar.
Como passarinhos.
Uma vez, tivemos um coleirinho.
Era pretinho com o peito branco.
Ficou preso numa arapuca que o primo do meu pai fez.
Foi morar numa gaiola bonita, em nosso alpendre.
Todos os dias eu falava com o coleirinho.
Liu-liu era seu nome.
Ele não respondia.
Parou de cantar.
Emudeceu.
Ele quer ser livre, disse meu pai.
E fomos juntos soltar o Liu-liu, ali nas margens do rio Jacaré-pepira.
Mal abrimos a minúscula portinha da gaiola, Liu-liu se mandou.
Voou para além do nosso olhar.
Mas, ao longe, ouvi seu canto. Suas palavras.
Hoje estava sem palavras.
Sufocando na gaiola da rotina, dos afazeres.
Com inúmeras idéias que surgiram e, sem tempo de anotá-las, fugiram.
Aí escrevi a primeira palavra. A segunda. A terceira.
Abriu-se a minúscula porta da gaiola que me prendia.
Tenho agora este texto. Se está bom, não sei. Mas tenho-o. Tenho o caminho.
Agora canto.
Minhas palavras voam.
A gente precisa se colocar em movimento para sair da gaiola.
E o marketing, Andrea Cristina?
Não sei nem se chamo o fragmento mercadológico da newsletter de hoje de marketing. Talvez sim. Talvez se encaixe em experiência do cliente. Talvez seja um baita caso de sucesso sobre como qualquer coisa pode ser feita de maneira diferente. Até um manual de carro.
Aliás, quem é que já leu um manual de carro? Por favor, se você existe, apresente-se. No meu caso, só utilizo-o para procurar o que significa algum sinal luminoso diferente que tenha aparecido no painel. Manuais são quadrados, chatos e só ocupam lugar no porta-luvas, certo?
Menos os novos manuais da Audi Espanha.
No Dia Mundial do Livro, a Audi Espanha colaborou com a Penguin Random House para transformar os secos manuais de proprietário em cativantes novelas literárias, envolvendo sete autores espanhóis na criação de "Novelas de Manual".
Esta iniciativa mesclou ficção com informações técnicas dos veículos, permitindo aos leitores aprender sobre as funcionalidades dos carros através de narrativas interessantes que incluíam temas variados, desde contos da Segunda Guerra Mundial até romances modernos.
Olha só que grande aprendizado: à medida que a tecnologia dos automóveis se torna cada vez mais comoditizada, a diferenciação da marca fica cada vez mais crucial - e desafiante – do que nunca. Uma ação que une à imagem da marca as características de inovação, criatividade, erudição e clientecentrismo.
Isso nos faz pensar: da próxima vez que precisarmos educar nosso público, como fazer isso sem ser chato, criando uma experiência e ainda agregando valor à sua marca?
Não aprendi dizer adeus
📚 Li recentemente o livro Os Coadjuvantes, de Clara Drummond e adorei. O livro é um fluxo de consciência da personagem principal. Com convicções contrárias ao seu estilo de vida, a jovem representa uma geração de jovens bem nascidos, que têm o discurso de igualdade social na ponta da língua, mas que, na prática, não se importam tanto assim. Um exemplo: ela despreza o capitalismo e não só tem, como exalta a poltrona Sérgio Rodrigues de seu apartamento dado pelo seu pai.
🛎️ E as experiências de uma noite do Airbnb?
💬 Pelo Notes do Substack, me deparei com essa beleza:
Para ajudar quem passou pela tragédia no Rio Grande do Sul, compartilho os links que o Tiago, da newsletter Tira do Papel, compartilhou:
Uma lista de recomendações para doar roupas e calçados.
Um perfil que conecta crianças perdidas com sua família.
E também, para ajudar os pets resgatados, uma dica da Marina Cyrino, da Pet Letters:
Mas deixo você ir
Algumas edições parecem que não vão sair. Aí, de repente, uma palavra após outra, o texto floresce.
Obrigada mais uma vez por estar aqui.
Até a próxima,
- Andrea
Amei demais essa edição (e nem é só porque apareço nela haha)!
Não lembro de já ter lido um poema seu.. Adorei conhecer mais uma das formas que “Andrea tem para contar”! 🥰
Essa pessoa que lê manual de carro e que você quer conhecer é o meu marido. Se quiser te apresento e você pode fazer um estudo antropológico porque acho que é caso para ser estudado mesmo. A coisa é grave!