1.604. Esse é o número de e-mails não lidos que aparece na minha caixa de entrada do Outlook. Mil seiscentos e quatro. Tive até que pesquisar como se escreve “seiscentos”, pra poder colocar o número aqui por extenso e causar uma certa dramaticidade. Tive que pesquisar também se a palavra “dramaticidade” existe. Efeito férias, não é mesmo? Tanto a caixa lotada quanto o cérebro lento.
1.604 mensagens não lidas. Respiro fundo. Que preguiça, mas vamos lá.
Os e-mails do fim de dezembro foram os mais fáceis de lidar, a maior parte era de feliz Natal ou avisos de recessos de fim de ano de empresas parceiras. Aí entrei em janeiro e o tema mudou. A galera entrou naquela vibe de previsões, sabe?
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E por aí vai.
…
Aí estreou o BBB e hoje ninguém mais fala de previsões. Por isso, vou mudar de assunto e falar também de BBB.
Em uma das dinâmicas do primeiros dia do programa, os novos integrantes da casa mais vigiada do Brasil tiveram que escolher mais 6 brothers e sisters, 3 homens e 3 mulheres. Chamam isso de “puxadinho”. Para isso, 6 homens e 5 mulheres foram colocados em uma espécie de vitrine, enquanto os participantes, do lado de fora os observavam. Cada um desses 11 candidatos teve que se apresentar e responder uma pergunta sorteada (igual concurso de Miss). A partir disso, o pessoal da pipoca e do camarote tinha que fazer sua escolha,
As perguntas eram (sim, eu anotei):
Qual a melhor lembrança que você tem e por que?
Que tipo de pessoa você quer por perto e que tipo você não quer?
O que as pessoas mais gostam de você e o que mais reclamam a seu respeito?
O que te deixa mais feliz e mais triste?
O que você faz pra se divertir e o que você gosta de fazer com a sua galera?
Qual seu maior sonho e como você se imagina no futuro?
Diante das respostas dos concorrentes, fiz a seguinte análise:
100% das mulheres se diz muito animada, extrovertida, alto astral e tudibom.
60% das mulheres tinham o cacoete de mexer no cabelo.
100% das mulheres que tinham cacoete de mexer no cabelo estavam de cropped.
100% das mulheres de cropped falou sobre beber, dançar e ficar louca.
66,66% das mulheres de cropped e cacoete de mexer no cabelo foram eliminadas.
50% dos homens gosta de encher a cara e descer até o chão.
50% dos homens gostam de pessoas que enchem a cara e descem até o chão.
100% dos homens que gostam de encher a cara e descer até o chão foram eliminados.
100% dos professores de escola pública foram aceitos
0% é a chance de eu assistir o BBB pra ver homem sem camisa, porque todos eles gostam de encher a cara e descer até o chão.
Aí, meus amigos, a internet caiu. Foi uma loucura. Xuitter, Instagram, em todo canto se comemorava a derrota dos padrões.
Hoje, dia seguinte da estréia da programa, só se fala nisso. Fim dos padrões, vitória da diversidade. Abro parêntesis aqui pra dizer que, na minha opinião, a escolha dos “fora-do-padrão” não foi nada estratégica, uma vez que os padrões normalmente são os primeiros a serem eliminados, mas enfim… Se eu votasse na bonitona ia ser queimada na praça pública da internet.
Deixando um pouco de lado essa discussão, entre “uhus” e “obrigado, meu Deus”, o que me marcou mesmo nessa dinâmica, foram as perguntas feitas aos candidatos.
Fiquei pensando: o que eu responderia em cada uma delas?
Será que eu me conheço a ponto de falar sobre o que as pessoas mais gostam e menos gostam em mim? E meu maior sonho? Não sei se tenho. Tenho vários e mudo a todo momento, mas pra onde estou indo? Qual meu norte?
Que tipo de pessoa quero por perto? Que tipo não quero? Será que estou tentando afastar as pessoas que me fazem mal ou continuo deixando-as me sugarem as energias? Estou dando devida atenção a quem quero manter próximo a mim?
Vou um pouco mais além e trago aqui pra você um exercício:
Que tal respondermos as perguntas do puxadinho do BBB24 antes de pensarmos nas tendências de 2024? Conhecer-nos melhor antes de tentarmos nos situar nas previsões deste início de ano? Refletir sobre o que nos faz felizes antes de prometer isso ou aquilo?
Tudo para dizer que, talvez - e esse é mesmo só um talvez - seja o momento de pensarmos menos no destino e mais na nossa morada. Ao olhar pra dentro e encontrar um pedacinho que seja de nós mesmos, aí sim recalculamos nossa rota, seguimos em frente e, chegando lá, estaremos inteiros e não em destroçados.
Não aprendi dizer adeus
📚 Comecei o ano com literatura japonesa. Li Voragem, de Junichiro Tanizaki. Interessante como ele me causou a mesma agonia de Paixão Simples, da Annie Ernaux. Aquele desespero de ver como a paixão é cega e faz com que as pessoas façam inúmeras besteiras. Mesmo desespero, narrativas completamente diferentes. Achei interessante.
🥵 Tá calor aí? Da Gama, um guia para quem odeia o verão. Nada de novo, mas bom pra quem não gosta dos dias de calor intenso se sentir acolhido.
🎨 Quem escolhe a cor do ano da Pantone? Tá uma matéria da The Hustle bem legal a respeito. Preciso dizer que essa cor de pêssego foi usada na decoração do meu aniversário de 15 anos, mas eu acho breguíssima.
Mas deixo você ir
Depois de inaugurar 2024 com uma newsletter que vai da caixa de e-mails abarrotada ao puxadinho do BBB, deixo você ir.
Desculpa aí a miscelânea. Precisei buscar como se escreve miscelânea. Mas a lição da news de hoje foi: olhe pra dentro e responda suas questões essenciais:
Quecossô? Oncotô? Oncovô?
Feliz 2024!
- Andrea
Andrea Nunes é publicitária de formação, comunicadora do agronegócio de profissão e escritora por paixão. Sonha em escrever um livro, mas, por enquanto, exerce a escrita na newsletter Andrea Me Conta.
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Fiquei pensando tb nas minhas respostas! Sei nao kkkkk Mas vamos comecar 2024 por elas! Achei uma boa e uma otima sua analise! HNY Dea! 🌹
amei que você anotou as perguntas, agora posso respondê-las com calma. 🙃