Perdi minha correntinha. Ela vivia comigo. Era só um ponto de luz, que iluminava qualquer look. Até pijama. Mandei fazer uma igual pra minha filha e ela ficou radiante. Menos de um mês depois de desfilarmos de colares iguais, a minha caiu, não percebi e a perdi.
Desde então, venho tentando reconstruir em minha mente os lugares que fui, as roupas que eu usei, pra ver se tenho alguma pista de onde e quando ela caiu, para que consiga traçar nosso reencontro.
Busco pelas fotos dos últimos dias. Na viagem para a Bahia ela estava comigo. No RD Summit, evento que aconteceu quatro ou cinco dias depois da viagem, já não estava. Perdeu-se entre os dois eventos, mas não foi só ela. Também me perdi. Perdi a memória. Não consigo me lembrar de onde fui, que roupa usei ou qualquer outra coisa que tenha acontecido neste intervalo.
Aí hoje uma amiga me dá o alerta: falta apenas um mês para o Natal. Natal! Onde estive durante o ano? O que fiz? O que conquistei? Cumpri alguma promessa? Acho que sim, mas não me lembro se coisa x ou y aconteceu este ano, ano passado ou só na minha imaginação. Recorro novamente às fotos. Que bom que fotografo bastante. Que bom que posso pagar armazenamento extra no iCloud também.
Caraca, como fiz coisa este ano! Tem algumas fotos das férias de janeiro que, na minha memória, parecem ter acontecido há uns dois anos. Mas não, passaram-se apenas 11 meses. Como pode tão pouco tempo parecer que é muito e, ao mesmo tempo nos dar a sensação de que passou rápido?
2023 chegando ao fim e deixando aquela sensação de “mais um ano se foi”. Não é uma sensação triste. Nem feliz. É quase nostálgico. Na minha época o tempo passava mais devagar, quase me ouço dizer. A alegria ou tristeza vêm em ondas, conforme vou passando as fotos para o lado. O ano trouxe tanto, em tão pouco tempo e foi tão rápido…
Nas lembranças vieram sensações. Lágrimas, sorrisos, excitação. Lembrei-me de encontros com risadas intermináveis e lugares de tirar o fôlego. Trabalhos exitosos e muitos momentos em família. Nessa mini retrospectiva adiantada lembrei-me de muito. Majoritariamente de coisas boas, claro. Quem é que tira foto de desgraça? Mas, mesmo belas, muitas dessas recordações me levaram aos caminhos trilhados até lá. Até a foto, o vídeo, o riso largo. Lembrei tanto, que concluí que a memória não está assim tão ruim. Logo, logo vou me lembrar também o que aconteceu, onde fui e o que vesti nos dias que perdi minha correntinha e, quando encontrá-la, vou fotografar. Pra me ajudar a lembrar.
E o marketing, Andrea Cristina?
Falando em lembrar, impossível não falar sobre o tão sonhado share of mind, conceito que escuto desde meus primeiros dias na ESPM. Se essa expressão mercadológica não lhe é familiar, te trago um vídeo de menos de 2 minutos com a explicação:
Agora, cá entre nós, como ser lembrado pelo cliente?
Um trabalho de branding é necessário, claro. Porém, pra mim, nada substitui o como uma marca, um produto ou serviço faz você se sentir.
Uma vez, na Disney, estava na fila para tirar foto com o Pateta e o Pato Donald. Minha irmã e meu cunhado, que estavam em outra parte do parque, foram me encontrar lá quando minha vez estava quase chegando. Uns americanos que atrás de mim começaram a resmungar, dizendo que eles estavam furando fila e que deveriam ir para o final.
Ao invés de discutir, chamei uma funcionária, expliquei a situação e ela disse para os americanos que na Disney a família sempre permanece junta. E juntos fomos lá, posar com os personagens, alegres e contentes, como crianças de cinco anos.
🙂 Fiquei feliz por duas coisas:
A situação se resolveu sem barraco (embora eu adore uma boa briga)
Aprendi um dos valores da Disney, na prática, pra poder contar nesta newsletter, que nasceu quase dez anos depois.
A Disney me deixou feliz, entende o que isso significa para a marca?
“Ah, Andrea, mas Disney é Disney, né?”
Calma. Vou dar um exemplo mais próximo de nós, mortais.
Como disse no texto de introdução, fui ao RD Summit este ano, evento de marketing e vendas da RD Station. Quando entrei na plenária principal para a primeira palestra do dia, havia no palco uma dupla de músicos aquecendo a plateia. Eram só dois, mas parecia que havia uma banda completa, os caras arrasaram!
Eu, encantada, puxei a menina que estava lá organizando a entrada e perguntei qual era o nome da dupla. Ela perguntou no rádio, mas a resposta não vinha. Olhou pra mim, disse que estava bem agitada a frequência que ela estava, mas que perguntaria por Whatsapp pra alguém. Pegou meu número e, uns dez ou quinze minutos depois, me mandou a informação. Depois disso, ainda passou por onde eu estava sentada, me viu e perguntou se eu recebi. Eu já havia até agradecido, mas achei sua atitude bem atenciosa. Especialmente em um auditório com 5 mil pessoas.
Sabe quando dizem que existe um jeito Disney de prestar um serviço? Presenciei exatamente isso com essa pequena atenção que a menina que organizava a entrada de umas das salas do RD Summit me deu.
🙂 Fiquei feliz por duas coisas:
Descobri essa dupla sensacional de Floripa: Sonido Club
Vivi uma situação que cabe muito bem nesta newsletter. Hehehe.
“Ah, mas e se eu trabalho com sabão em pó?”
Dá pra trabalhar dentro de contextos. Vou dar um exemplo. Uma vez, numa aula da ESPM, o professor nos contou que, em uma pesquisa nas comunidades carentes, usar OMO e expor a caixa na janela da casa, sinalizava aos vizinhos que aquela família estava bem financeiramente.
Dá pra imaginar como usar OMO faz uma dona de casa de comunidade se sentir, não dá?
Existem diversas técnicas de branding mas nada substitui o que um produto ou serviço faz você sentir. É por isso que “qualidade é o melhor de todos os planos de negócios”, como diz John Lasseter, que foi diretor e produtor da Pixar.
4 semanas até o Natal
Não aprendi dizer adeus
📺 Assisti em 2 noites: Uma Questão de Química, série da Apple TV+. Fofa, feminista, anos 50… Tudo o que a gente gosta.
📚 Terminei de ler: A Natureza da Mordida, da Carla Madeira. Este é o terceiro livro dela que leio e acredito ser o que eu mais gostei. Mas continuo com a mesma opinião sobre a autora: ela gosta de chocar e nem sempre precisa disso. Neste livro, a parte que me chocou não precisava existir. Alguém já leu pra gente conversar?
🎞 O marido assistiu sem dormir: Nyad, da nadadora que, com mais de 60 anos, fez a travessia de Cuba a Key West. História verídica. Um super lição. Me deu vontade de nadar e de me empanturrar de Nutella só em pensar nas calorias perdidas com a natação.
🍿 Assisti com meu filho de 9 anos: One Piece live action. Já é meu novo Harry Potter. Já quero a segunda temporada. Mas ainda não engatei no anime.
🎥 Um comercial enviado pra mim por uma amiga. Coincidentemente, mostra o uso de memórias afetivas como estratégia de marketing. Quem aí se lembra da cena da garagem de Curtindo a Vida Adoidado? Essa memória eu ainda tenho, mas não tinha ideia de que Cameron Frye (de Curtindo a Vida) é a mesma pessoa que Connor Roy (Succession).
Mas deixo você ir
Fim de ano, minha gente. Já foi a troca de faixa do judô do filho. Agora só faltam duas apresentações de balé, uma de piano, duas aulas abertas de inglês, apresentação da turma do circo, reunião de pais e retorno na dentista e na pediatra. Tá acabando.
Enquanto isso, nos vemos por aqui.
Até a próxima!
Um beijo,
- Andrea
Andrea Nunes é publicitária de formação, comunicadora do agronegócio de profissão e escritora por paixão. Sonha em escrever um livro, mas, por enquanto, exerce a escrita na newsletter Andrea Me Conta.
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Dea! A Natureza da Mordida pra mim, eh o melhor da Carla. E ela, a melhor de todas. Li bastante coisa esse ano. A escrita dela nao tem igual, sou fa!
Oieeee! Terminei ontem! E estou na dúvida se gostei mais dele que de véspera. Fiquei na verdade embasbacada com as referências literárias! Mto mto mto
Bom! Que sonho escrever como ela...