#75 - A paixão segundo eu mesma
E um pouco sobre ser apaixonada por propaganda bem feita
Estou testando uns recursos aqui no Substack. Por isso, gravei um voiceover e você pode, se quiser, ouvir o texto de abertura. Se ouvir, me conta o que achou?
Não sirvo para me apaixonar.
Na verdade, odeio me apaixonar.
Também pudera, paixão faz a gente perder o controle sobre si. Pra mim, uma pessoa com alta necessidade de controle (signo de virgem, sabe como é), não controlar meus atos, meu foco, deixar minha cabeça inventar mil histórias - todas envolvendo minha rejeição - é a morte.
Todas as vezes que isso aconteceu, deu ruim. Meti muito os pés entre as mãos. Já apareci na casa de um cara à meia noite do aniversário dele, por exemplo. Mas ele estava morto de sono e só queria dormir, porque ia correr às 5h da manhã. Outra vez, liguei chorando para o peguete de dentro do banheiro do escritório. Falava “assim não dá mais” no maior dramalhão mexicano. Estava dentro de uma cabine, mas a minha diretora ouviu, me chamou pra conversar e perguntou se eu estava descontente no emprego. Tive que explicar que estava descontente com a paixão.
Pior era quando eu envolvia outras pessoas. Foi assim na vez que eu tive a brilhante ideia de ligar despretensiosamente para o meu primo, bem no momento que ele estaria com um fulano que eu tive a infelicidade de ser apaixonada. Tudo combinado, claro. Queria que minha ligação gerasse uma conversa sobre mim, sabe? O primo foi “brifado” certinho, mas o cara sacou que era armação e eu fiquei com a cara no chão.
E quando a gente se apaixona, faz declarações de amor, promete ficar junto pra vida, faz álbum com colagem de fotos dos dois meses de namoro, escolhe o nome dos filhos e o escambau e aí… Puf. A paixão acaba. Passou.
Já aconteceu do cara levar a sério todas as juras de amor e depois que eu desapaixonei não sabia o que fazer com ele. Um horror.
Mas o pior desfecho aconteceu mesmo na última vez que me apaixonei. Acabei casada. Ou seja, não era amor, era cilada.
(brincadeira, amor. Só pra ver se você lê as minhas news)
E o marketing, Andrea Cristina?
Pensei em diversas maneiras de abordar a paixão e o marketing. Resolvi abordar pelo meu amor publicitário por ações de comunicação bem feitas.
Dito isso, confesso minha paixão pelos comerciais da Heineken.
Antigamente, quando estava assistindo TV aberta (ou a cabo) e entrava no ar um comercial da Heineken, desses cheios de movimento, storytelling e música envolvente, ficava como a Andrea de 15 anos quando via o Bon Jovi na MTV: embasbacada.
Como esse aqui, batizado de "The Odyssey", criado pela Wieden+Kennedy Amsterdam para a Heineken.
Ou esse aqui, parte da campanha da Champions League:
Ou esse aqui:
Ai, vou parar, senão hoje você não trabalha. Nem eu.
Mas percebe que a Heineken usa uma estratégia bem legal para se conectar a sua audiência, utilizando-se de técnicas de produção cinematográfica? Esta é uma forma bastante eficaz de criar experiências memoráveis aos expectadores, mesmo que eles estejam esperando o segundo tempo do jogo começar.
Em seus filmes, a Heineken utiliza várias estratégias criativas, como (escrevi com ajuda da inteligência artificial):
Narrativa Envolvedora: com histórias intrigantes e envolventes, que tornam a experiência mais parecida com a de assistir a um filme curta-metragem que a um comercial de televisão.
Produção de Alta Qualidade: para fazer com que a narrativa aconteça, a direção de arte é impecável.
Personagens Cativantes: carismáticos e memoráveis, para se conectarem emocionalmente com o público.
Mensagens Subliminares: A Heineken muitas vezes incorpora mensagens sutis sobre amizade, diversão e celebração, o que contribui para uma experiência mais rica e significativa.
Inovação Visual: Em alguns casos, a marca introduz elementos visuais inovadores, como a transformação da icônica estrela da marca na cor verde, criando impacto visual e simbolismo
Música Envolvente: amo as escolhas musicais. Criei até uma playlist com músicas dos comerciais da marca. Espia só:
Não aprendi dizer adeus
📕 Falei de paixão hoje por um motivo: acabei de ler o livro Paixão Simples de Annie Ernaux, em que ela mergulha nas sensações de uma paixão vivida por ela na década de 90. Passei mal junto com ela, por estar totalmente entregue a este relacionamento. Surreal de bom e surreal de angustiante pra quem, assim como eu, detesta se apaixonar.
📚 Pra falar da Heineken, usei este estudo de caso AQUI, este ARTIGO, e também esta REPORTAGEM.
📝 Falei sobre controle, né? Coincidentemente, a Beatriz do Eat Your Nuts também abordou sua neurose necessidade esta semana. Veja o texto dela AQUI.
💛 Antes de me despedir, deixo você com essa pergunta:
Mas deixo você ir
Com lágrimas no olhar, porque estou apaixonada por esta edição.
Um beijo e até a próxima.
- Andrea
(me dê um oi! Pode ser nos comentários, respondendo este e-mail ou escrevendo para andrea@ideaonline.com.br)
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Andrea Nunes é publicitária de formação, comunicadora do agronegócio de profissão e escritora por paixão. Sonha em escrever um livro, mas, por enquanto, exerce a escrita na newsletter Andrea Me Conta.
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Adorei, Andréia. E ri muito da paixão na sua vida. Me fez lembrar dos meus micos. Eu fui muito apaixonada por bons comerciais. Tinha um programa, acho que na TV Cultura, o Intervalo, que eu não perdia. O que seria da vida sem a paixão?
❤️