Antes de você começar sua leitura, vamos deixar uma coisa às claras: o texto tem a minha opinião pessoal sobre o filme da Barbie. É preciso dizer: adoro a Barbie e o texto possui ironia. Existem sim análises mais complexas e eu cito algumas no final. :)
I'm a Barbie Girl
Lembro-me de quando ganhei minha primeira Barbie. Foi em algum momento dos anos 80, no Natal. Encantei-me com seu longo cabelo dourado e sua roupa, um vestido azul e branco.
Encontrei-os - a Barbie e o vestido - na casa da minha mãe outro dia, junto com as outras roupas, todas bem no estilo anos 80, com ombreiras e muitas cores. Mariana, minha filha, disse que adorou, mas não quis vestir suas bonecas as peças do meu brechó em miniatura. Ela ainda vai gostar do estilo vintage, tenho certeza.
Já com vinte e poucos anos, comprei uma Barbie Fada Açucarada, edição especial de O Quebre Nozes. Eu já não brincava, mas ela enfeitava meu quarto, guardando um pouco da infância na vida de quem já estava entrando na fase adulta. Vinte anos depois, minha mãe entregou essa Barbie para Mariana. Essa sim ela adorou de verdade e queria misturá-la à sua coleção, o que me fez meu coração acelerar em desespero. Esperei ela dormir e guardei a boneca onde ela nunca vai encontrar. Essa é minha.
Formei-me em publicidade e me encantei com o mundo dos eventos, das ativações promocionais, das ações criativas, imersivas e que contam histórias. Não à toa, fiquei feito boba a cada ação de divulgação de Barbie - o filme, desde o teaser, até o Burguer King cor-de-rosa na avenida Juscelino Kubitschek.
Até que, uma semana após o lançamento, lá estava eu, de pipoca e Coca Zero nas mãos, na porta do cinema. Não fui de rosa por motivos técnicos (engordei e a roupa não me serviu), mas estava enxergando tudo nas cores características da boneca. La vie en rose.
Levei comigo um certo receio de me decepcionar. Estava tão imersa em todo o - de novo ele - storytelling ao redor do filme que, se fosse ruim, o tombo do alto da minha nuvem rosa seria feio.
Mas eu AMEI.
Meu sorriso ficou de um canto ao outro no rosto do começo ao fim. Foram tantas memórias resgatadas, o gatilho nostálgico foi tão grande, que saí do cinema querendo conversar. Falei, falei e falei, mas meu marido só concordou, pois estava sem argumentos - dormiu.
Não sei se as novas gerações têm as mesmas referências que eu, mas vou contar aqui algumas das coisas que me conquistaram:
(contém spoilers daqui pra frente)
É puro entretenimento. É cinema-diversão. É como ir assistir o filme dos Trapalhões na infância e está tudo bem. Nem todo filme precisa ser cabeça.
É feminista mas não é “feminazi”. Coloca uma mulher no centro e no papel de heroína tanto quanto um filme do Homem de Ferro faz isso com um homem. Pra mim, foi no ponto certo, embora estejam criticando Greta Gerwin por não ser MAIS feminista.
É LINDO! A casa da Barbie, o carro da Barbie, o trailer da Barbie, as roupas da Barbie, os patins, a Barbielândia… Tudo bem claro, colorido, brilhante, cor-de-rosa. Já reparou que os filmes andam escuros? Então, esse é exceção.
A cena de abertura do filme, quando a locução em off diz que brincar de casinha não era assim tão divertido, mas que a maternidade em si também não é assim tãããão divertida.
“Since the beginning of time, since the first little girl ever existed, there have been dolls. But the dolls were always and forever baby dolls, until…”
“Which can be fun… for a while, anyway. Ask your mother".
A falta de líquidos na Barbieland!
A sensação desconfortante da Barbie sob os olhares masculinos assim que ela chega no mundo real (ou Terra do Patriarcado) e a compreensão imediata de Ken de que aquele mundo foi feito para ele por pessoas como ele.
A coreografia dos Kens. Ponto altíssimo!
A Barbie chorando e se virando no chão com o corpo endurecido, como uma boneca caída mesmo. Perfeito!
Mojo Dojo Casa Houses, a casa do Ken.
A Barbie Depressão, que passa sete horas no Instagram olhando as fotos do noivado da ex-melhor amiga, enquanto come um saco enorme de balas. Atualmente está com dor no maxilar e vai assistir Orgulho e Preconceito pela sétima vez, até cair no sono.
O Allan, gente, com a roupa original e tudo. Existem vários Kens, mas só um Allan.
Weird Barbie!!!!!!! A Barbie Esquisita é aquela que a gente cortava os cabelos e pintava o rosto de canetinha e o melhor, ela vive em espacate.
O Ken não tem profissão. Ele é só praia.
Os estereótipos de o que é ser um homem machão, o que faz os homens brigarem e como as mulheres conseguem, de certo modo, manipulá-los a seu favor, usando-se das suas obviedades.
O fato de que, no final, não foi somente a Barbie que seguiu sua jornada da auto-descoberta, mas Ken também. Ele não precisa ser o namorado da Barbie ou “just beach”. Ken também pode ser quem ele quiser. Isso pra mim é a verdadeira equidade de gêneros: um não ganha do outro, não manda no outro, não se sobrai em relação ao outro. Ambos crescem e vão atrás de seus próprios sonhos e objetivos.
Por fim…
Amei moletom que Ken usa no final. Kendall Roy inclusive já encomendou o seu.
Não aprendi dizer adeus
Como prometi, aqui vão algumas análises mais profundas sobre o filme da Barbie, caso você queira uma visão diferente da dessa fã da boneca que vos fala.
💕 Uma reflexão sobre transtornos psicológicos abordados no filme.
💕 Essa edição da newsletter Float Vibes:
💕 Essa sim é pra gente pensar: como a mercadoria do filme da Barbie prejudica o roteiro do filme da Barbie. O filme tenta desconstruir (a.k.a. passar um pano) para o fato de a boneca ter um estereótipo de beleza inalcançável mas entre os produtos licenciados com sua marca estão cremes anti celulite e máscaras de beleza. Como explicar? Excelente newsletter de Jessica De Fino.
Mas deixo você ir
Um beijo e até a próxima!
- Andrea
Eu concordo 100%, amei e sua reflexão é super alinhada com a minha! Barbie forever. Já quero rever <3