Eu amo festa junina. Mais que carnaval. Mais que Natal. Com certeza muito mais que Ano Novo.
As comidas, as roupas, a quadrilha… Ah, a quadrilha… Se pudesse pegaria o caminho da roça todos os anos. E em todos os anos, seria deliciosamente enganada pelos alertas de “olha a chuva, olha a cobra, olha a ponte que caiu". Caso você não saiba, eram mentira.
Damas de um lado, cavalheiros de outro, se cumprimentando, formando a grande roda, seguindo o caminho para o grande baile através do grande túnel.
Em junho fico saudosista. Saudades de quando eu era pequena e dançava na escola. Mamãe me vestia, me penteava e me pintava à caráter.
Lembro-me como se fosse ontem, da pequena Andrea, sentada na quadra da escola, esperando sua vez de dançar. O frio típico do meio do ano nos trópicos não fazia diferença pra mim. Só queria mesmo encontrar meus pais, ter certeza de que eles estavam ali pra me ver dançar, se acotovelando entre outros adultos, tentando encontrar um bom lugar para assistir, fotografar e, em alguma época mais recente, filmar.
Quando disse pra minha mãe que queria me mudar de escola para cursar o colegial (aka ensino médio) em outro local, não levei em conta a falta que me faria a festa junina. A escola nova, por ter apenas ensino médio, não tinha essa tradição.
Sempre ia à escola antiga para festejar, claro, mas nutria secretamente uma invejinha, bem lá no fundo, daqueles que ainda estudavam lá. Eles ainda tinham suas danças, suas gincanas, seus rituais e eu não pertencia mais àquele mundo.
A festa junina me lembrava, a cada ano, que cada escolha vem com uma renúncia e, embora eu estivesse feliz no novo colégio, em junho eu me arrependia.
Aí o tempo passou. A adolescência passou. A faculdade passou. E eu passei parte da minha vida adulta em busca de uma festa junina para chamar de minha.
Até que vieram as crianças, a escola, o clube e, com eles, o que eu estava buscando. A festa da escola, as danças dos pequenos, o prazer que eu tenho em arrumá-los e vê-los dançar. Com eles vieram também os novos amigos. Criou-se uma nova comunidade, um novo pertencimento.
Com o clube, veio mais uma festa, “o arraial mais bonito da cidade”. Os shows, as brincadeiras, as bagunças, tudo acontecendo ali, na nossa segunda casa.
Enfim encontrei minha festa, meu lugar, minha comunidade, meu mês de junho. Enfim me sinto à vontade para prender o cabelo em duas tranças, para colocar um vestido xadrez e um chapéu de palha. E sempre que alguém me pergunta se fui à caráter respondo: “nasci à caráter".
Percebeu que fui em busca de pertencimento?
Se o Orkut ainda existisse, com certeza eu faria parte da comunidade “Eu adoro Festa Junina”. Lá eu encontraria pessoas com o mesmo amor que eu. Se eu fosse a dona da Paçoquinha Amor, entraria lá pra fazer um merchan básico, oferecer cupons de desconto, falar de lançamentos, etc.
Acho que ficou claro o que é marketing de comunidade, né?
Manifestações culturais como a festa junina têm uma influência enorme nas comunidades, uma vez que criam conexões e uma atmosfera de identidade do grupo. Isso é o que a gente busca desde o tempo das cavernas, quando pertencer a um grupo nos trazia segurança.
Lembra da Pirâmide de Maslow? Segurança está ali, praticamente na base.
Por isso, quem gosta de festa junina como eu, sente-se tão seguro ao estar em meio a sua tribo, que acaba consumindo churros com Nutella, sanduiche de mortadela Ceara e chopp Spaten sem nem se lembrar da dieta.
Viu como o marketing está em todos os lugares?
Não vou ia falar de Taylor Swift
Taylor Swift. Esse foi o nome que mais ouvi nas últimas semanas. Se não na rodinha entre amigos, nas notícias ou redes sociais.
A família de uma amiga ficou inteira ligada online para comprar ingressos. Eram 7 pessoas. Ninguém conseguiu. No meio da aula de yoga, a filha da professora envia uma mensagem: seu lugar era o 843 mil e alguma coisa. Shorts, Stories e Tik Toks pipocaram com macetes de como conseguir adquirir seu lugar no show. Pessoas dormiram na fila. Brigas eclodiram no Twitter.
Fazia bastante tempo que eu não via uma euforia assim.
Não é à toa que Billy Joel disse que Taylor Swift é o Beatles da nova geração.
Aí eu tive uma baita ideia. “Vou escrever sobre como essa garota é um bom case de marketing". O problema é que mais uma porrada de gente teve a mesma ideia brilhante. Achei muitos posts (especialmente no LinkedIn), com lições de marketing, RH, empreendedorismo, etc, etc, que temos que aprender com Tay-Tay.
Saco.
Minha ideia foi pro buraco.
Então resolvi simplesmente trazer aqui a melhor análise que encontrei sobre o tema. É em inglês, mas, clicando com o botão direto do mouse, vc pode clicar em “traduzir”.
Não aprendi dizer adeus
Hora de compartilhar as minhas abas da última semana:
🎉 Ainda sobre Festa Junina, mas com a rainha dos memes: Gretchen celebra casamento no São João da Itaipava - Meio e Mensagem (PT)
🎊 Algumas ativações de marcas em festas juninas - Mundo do Marketing (PT)
⚰️ Um TikToker finje a própria morte, só pra saber quem se importa com ele. Diz aí, você também já pensou nisso, não pensou? SKY News (EN)
📺 Publicitário adora conteúdos assim: as campanhas brasileiras mais premiadas da década em Cannes - Meio e Mensagem (PT)
🏖️ 15 hotéis românticos na Grécia. Não, não estou planejando férias pra lá. Só sonhando mesmo. - CN Traveller (EN)
Mas deixo você ir
Sei que essa news foi um pouco longa. Pudera, depois de um fim de semana cheio de festa junina, estou sem voz. Só me resta escrever.
Até a próxima!
- Andrea
(Me escreve! É só responder este e-mail ou mandar seu recado para andrea@ideaonline.com.br)
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