#55 - Neurônios espelho no marketing e na maternidade

E um pouco de Barbie, porque ninguém é de ferro.

Neuromarketing, neurônios espelho e maternidade

Se eu bocejar aqui, você provavelmente vai bocejar aí. Provavelmente só a citação do bocejo já deve ter atiçado em você a vontade de abrir o bocão, fazendo um sonoro uááááá. Se você teve que dormir com os pés de uma criança de cinco anos na suas costas então, tenho certeza de que quer bocejar mais de uma vez. Desculpa te deixar com sono, pega lá mais um café, vai.

Ilustração de Alev Neto (@alev.neto)

O que eu quero com essa história de bocejo é perguntar se você já percebeu que nós, seres humanos, involuntariamente imitamos o comportamento alheio?

A neurociência explica esse comportamento: existe um conjunto de células presentes em nosso cérebro chamadas de “Neurônios Espelho”, que têm papel fundamental em nosso aprendizado, que acontece através da observação e imitação.

Meu professor de sapateado sempre diz: "Não façam! Olhem primeiro!" É isso: nós primeiro olhamos e depois fazemos. Não necessariamente de jeito que o professor de sapateado queria, mas deixa isso pra lá.

Aliás, por conta dos neurônios espelho, quando a gente vê alguém dançando, nosso cérebro dança antes mesmo de executar o movimento de dançar.

Quem já não quis subir dançar junto com a Tracy no final de Hairspray? Só eu? Sério? Tá, mas o lance dos neurônios espelhos é real. Aliás, vou te desafiar a dar o play no vídeo aí de baixo e não sentir nem um comichãozinho para mexer o corpo ou, pelo menos, os pés. Valendo!

E no marketing?

No marketing, a ativação dos neurônios espelho é muito utilizada. Se você usa movimento nas suas campanhas então, o efeito é ainda maior. Mostrar seu produto sendo consumido por outros, fará com que mais pessoas tenham vontade de experimentá-lo.

Uma mordida em câmera lenta em um chocolate com recheio cremoso nos aguça o paladar. Um comercial de academia de spinning com gente feliz pedalando, por exemplo, dá até vontade de estar lá. Depois passa, grazadeus, mas naquele momento, inconscientemente, você desejou fazer a mesma coisa.

Pra falar a verdade, às vezes vejo uns vídeos de yoga e já sinto como se tivesse feito a minha prática. Pena que #sqn. Deixa isso pra lá também.

Ter um carrão como os seus pares do trabalho, se vestir como a influenciadora de moda que você acompanha e admira, ter o tênis do Usain Bolt, se você é corredor, ou a chuteira do Neymar, mesmo que você só jogue futebol aos domingos, tudo isso mostra o tanto de responsabilidade têm esses tais neurônios. Imitamos para pertencer ao grupo.

Quem gosta de lê, inevitavelmente lê o que seus amigos estão comentando (provavelmente algo da Carla Madeira ou Elena Ferrante). Quem gosta de série, é vencido pela série popular do momento. Quem joga videogame, se interessa pelo jogo que os amigos ou YouTubers de games estão jogando e por aí vai.

A descoberta dos neurônios-espelho nos ajudou a entender melhor nossa natureza, nos explicando que fazemos o que vemos.

Aplicação prática

Além da propaganda, aprender sobre neurônios espelho foi a bênção da maternidade. Antes de conhecê-los, eu embalava, cantava, sacudia, rezava três Pai-Nossos e cinco Ave Marias, enfim, fazia de tudo para meus filhos bebês dormirem. Até que um dia, estava com minha filha no colo e parei na frente do espelho. Percebi que ela me olhava atentamente e fechei os olhos. PASMEM: ela fechou também.

Mas aí ela abriu e e me viu de olhos abertos. Fechei de novo e - pasmem: ela também fechou. Resolvi ficar de olhos fechados, e comecei a sentir o corpinho dela relaxar, ficar mais molinho, senti sua respiração mais pesada até, finalmente, abrir os olhos.

Você vai acreditar se eu disser que a menina dormiu? Pois é, dormiu. Sim, dor-miu! Pra uma mãe insone isso vale mais que o Oscar, o Grammy e o Nobel juntos, juro pra você! E juro também que não foi a única vez que isso aconteceu.

Como nosso cérebro assimila mais quando aplicamos um conceito, eu nunca mais vou me esquecer dos neurônios espelho. Mais que isso, nunca vou deixar de agradecer a bênção de sua existência. Ouvi um Amém?

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Antes da nossa despedida

Encontrei esse vídeo e achei-o muito bem explicadinho, contando um pouco do experimento do Dr. Giácomo Rizzolatti e sua equipe, que descobriram os neurônios espelho por acaso, em 1994, na Universidade de Parma, na Itália.

Vale a pena ver.

Ainda não acabou

PRECISO te contar do filme da Barbie. A estreia será somente em 20 de julho, mas eu já estou enlouquecida. Pra começar, no trailer a Barbie tira o sapato e só as pontas dos pés tocam o chão porque é assim que a boneca é.

Segundo, tudo é rosa, até a areia da praia. Se não é rosa, tem alguma cor viva. Um filme com alegria, como disse o tweet:

Terceiro porque ele se tornou viral! Muita gente fazendo selfie da Barbie e colocando em suas redes sociais, usando filtros de usuários do Instagram ou Snapchat ou com o Barbie Gerador de Selfies, uma ferramenta de Inteligência Artificial que permite que qualquer pessoa carregue uma foto sua e gere um pôster do filme. Eu amo um marketeiro esperto.

Entraram nessa celebridades, influenciadores, personagens populares de seriados, cães, gatos e outros pets e até escritores de newsletters.

Olha os neurônios espelho aí! Vi que todo mundo estava fazendo e quis fazer também. Se você fizer e postar, me marca? @andreameconta

Detalhe: o que eu não tinha percebido, mas vi no The News é que o formato do fundo do pôster do filme é o logo da Mattel. 😉

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Não aprendi dizer adeus

Ainda não acabou!

Como falei sobre minha alucinação com o filme da Barbie, trouxe pra vocês um artigo da StartSe sobre o marketing de nostalgia. Clica aqui pra ver.

Também falei sobre nostalgia em algumas edições dessa newsletter:

• Edição #26 - O pêndulo da nostalgia

• Edição #8 - Procrastinação, dia da mulher e nostalgia

Em tempo: meu filho quer um celular. Vou dar a ele um Nokia tijolão.

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Mas deixo você ir

O papo tá bom, mas você não tem o dia todo. Nem eu. Sem problemas, a gente se vê na próxima semana.

Um beijo,

- Andrea

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P.S.: Usei a estratégia dos neurônios espelho pra te convencer a assinar ou compartilhar. Me conta se funcionou?