O ano é 2023. Os temas são cotidiano, marketing e comunicação. A escrita é em crônica e a newsletter é a Andrea Me Conta. Que bom te ver aqui. Alguns links são em matérias em inglês, mas você pode clicar com o botão direito do mouse e escolher a opção “traduzir página”. Aproveite pra me seguir também no Instagram. Boa leitura!
Ouvi por esses dias um episódio do Bom Dia Obvious, podcast da Marcela Ceribelli, que falava sobre a individualidade das mulheres dentro de um relacionamento. Em determinado momento, falou-se da mudança do sobrenome que a maior parte das mulheres faz ao se casar. Isso me fez me lembrar de um texto sobre isso, que escrevi poucos meses após do meu próprio casamento.
No texto, estou justificando (pra família? pra sociedade? pra sogra? pra mim mesma?) a minha decisão de não adotar o sobrenome do meu marido. Mas, se analisarmos bem direitinho, acho que foi a minha maneira de sempre me lembrar de que tenho uma identidade e uma individualidade que não foram perdidas no casamento. O marido, é claro, respeitou a decisão assim como respeita a minha vida fora do casamento. Somos uma grande dupla, mas também somos grandes indivíduos.
Segue o texto.
2 de maio de 2013
O tal do sobrenome
Não sei se sou moderna ou implicada demais, mas eu não quis, aliás, NUNCA quis, acrescentar o sobrenome de homem algum ao meu.
Primeiro porque meu nome já é grande demais (tenho 2 nomes e mais 2 sobrenomes) e acrescentar mais um só iria complicar o preenchimento de qualquer formulário da minha vida. Se eu já sofro com só 4, imagine com 5 substantivos próprios!
Os formulários em inglês então, são os piores. Eles sempre têm a opção “name” e “surname” cada um com no máximo 10 espacinhos para apenas 10 caracteres. E aí? Que culpa tenho se não sou John Smith?
Se o espaço permite, coloco meu meus dois nomes na área “name” e os dois sobrenomes no “surname”. Mas se não couber, vai o primeiro e último mesmo, com aquela sensação de que está faltando coisa. E está! Está faltando metade de mim!
E quando aparece um “middle name” pra complicar ainda nossa vida? E aí? Meu segundo nome ou meu primeiro sobrenome, o que vai nesse espaço para apenas 10 caracteres? Foda…
Agora vocês devem estar pensando: ué, por que não tira um nome e acrescenta o nome do marido? Gente, tenho que confessar: tenho dó. Fico imaginando o momento do meu nascimento, quando meus pais olharam pra primogênita deles pela primeira vez e decidiram com todo carinho do mundo qual seria o nome daquele bebê. Sério, vocês têm mesmo coragem de tirar algum nome que seus pais te deram com esse carinho e amor todo? Eu não.
Nem meu segundo nome eu tive coragem de tirar. E olha que eu sempre reclamei dele pois, cá entre nós, “Andrea Cristina” não orna. Mas uma vez perguntei pra mim mãe o porque desse nome duplo e ela disse: “porque se quando você crescesse não gostasse de um, poderia usar o outra”. Fala se dá coragem de tirar o nome? O amor e a preocupação deles foi tamanha que eu ganhei até direito de escolha!
Agora, se eu tivesse tirado um dos sobrenomes eu me sentiria como se estivesse renegando uma das famílias. E qual delas renegar, a da minha mãe ou do meu pai? Não, não, não. Quero os dois. Cada um carrega uma herança, independente de eu ter de tratá—las em terapia alguma dia, mas carrega.
E não pense você que eu reneguei a família do meu marido. Eu já não enxergo assim. Eu não nasci na família dele, sou apenas uma agregada. E nós dois juntos estamos começando uma família nova. Assim como minha mãe Parreira e meu pai Nunes criaram a família Parreira-Nunes, nós vamos criar a família Nunes-Correia, dando nossos dois sobrenomes aos nossos filhos. E eles começarão outras famílias ao se casarem e assim por diante.
Sem contar que eu me casei “velha” para os padrões antigos, com quase 32 anos e não com 20 e pouco como se fazia antigamente. Agora imaginem uma pessoa que sempre se conheceu com um nome e, após 32 anos, trocá-lo por outro. Tenho certeza de que isso acarretaria em uma crise de identidade tremenda. Não seria mais Andrea Nunes e sim Andrea Correia. Na espera do médico, quando chamassem “Andrea Correia” eu não ia nem perceber que era comigo e ia ficar lá esperando me chamarem por horas e horas a fio. Fechariam as portas, apagariam as luzes e eu estaria lá: “mas me falaram que chamariam pelo nome e eu não ouvi o meu".
Mas claro que isso tudo é minha opinião pessoal. Mais do que colocar sobrenome ou não, o importante é doar nosso coração para o outro. O amor verdadeiro independe da sua assinatura. Eu amo meu marido, quero ser feliz com ele e, para isso, preciso ser Andrea Cristina Parreira Nunes, do jeito que ele conheceu, do jeito que eu me conheci.
Então é isso que eu penso sobre mudar o nome no casamento. Com menos de um ano de casada, algumas pessoas já me olharam com estranhamento por eu não ter mudado. Outras me questionaram na cara dura e algumas delas, torceram o nariz. Paciência. Pra essas pessoas, desejo apenas que a fila do Poupatempo não esteja tão grande.
Hoje não tem marketing, mas tem links
(eu sei que vocês gostam dos links)
🧳 Pra quem gosta de viajar (ou se imaginar viajando), indico essa seção (que tem também uma newsletter própria) da Condé Nast Traveler: Women Who Travel.
👨 Parentalidade ativa - um vídeo que dá palavra aos pais
🍳 Eu AMO a minha AirFryer e, assim como eu, existe toda uma comunidade que não vive sem esse eletrodoméstico lançado em uma feira de UD em Berlim, de 2010. Que bom que a indústria de alimentos está agora mirando em nós, AirFryer lovers. Veja aqui o artigo sobre a grande aposta da Nestlé e Kraft.
😊 Você sabia que 53% dos nostálgicos dizem que se envolver com a mídia do passado os deixa felizes, e 40% dizem que isso os conforta? Por isso que o grande vencedor dos anúncios do Super Bowl foi a nostalgia. É um tema que muitos dos anúncios do Super Bowl tiveram em comum este ano. Mas a nostalgia não agrada a todos – 11% dizem que os faz sentir como se estivessem velhos e datados. (GWI Zeitgeist). Qual o seu sentimento?
👩 A sobrecarga feminina. Um artigo sobre isso.
📘 Lições de vida de mil anos. Sahil Bloom escreveu sobre isso.
🤯 Nunca vi tanta gente falar da síndrome de impostora. Por que de repente todo mundo se sente uma farsa? Esse artigo do The NY Times fala sobre isso.
🐻 Eu ri: família chinesa adota cachorro e depois descobre que era um urso.
Sei que atrasei
Sei que o Dia Internacional das Mulheres foi ontem, mas acho que todo dia é dia de celebrar as conquistas femininas e debatermos o tanto que ainda precisamos percorrer para alcançar equidade de gênero em diversos aspectos da vida.
O texto principal não falou de nada disso, mas tem um fundo de - odeio essa palavra - empoderamento e, por isso, é uma pequena homenagem a este grande dia.
Até semana que vem.
- Andrea
So percebi a importancia da identidade do nome depois de muito tempo. Ate criei um email com meu nome de batismo… compensei!!!
Dea, tb não mudei de nome, meu marido até hoje, se tem oportunidade, ele pede. Não consigo me enxergar de outra forma.
Sobre a lista de coisas dos defensores fanáticos, alem da air fryer, adepta total, eu li sobre beach tennis kkkkk
Beijos e bom final de semana