#50 - Só tem valor quem tem seguidor
Mas quem tem newsletter tem leitor o que é muito melhor.
O ano é 2023. Os temas são cotidiano, marketing e comunicação. A escrita é em crônica e a newsletter é a Andrea Me Conta. Que bom te ver aqui. Alguns links são em matérias em inglês, mas você pode clicar com o botão direito do mouse e escolher a opção “traduzir página”. Aproveite pra me seguir também no Instagram. Boa leitura!
- Esse Canal da Belinha é muito ruim.
Rafael, meu filho de 8 anos, está desdenhado do que sua irmã mais nova está assistindo no YouTube. Entre meus pedidos para deixá-la assistir em paz e os gritos da irmã contestando sua afirmação, Rafael soltou mais uma:
- Deve ter só mil inscritos, de tão ruim.
Contestei.
- Você acha mil inscritos pouco?
- Muito pouco! O Mr. Beast tem cem milhões.
Eu não ia perder a chance.
- Rafael, imagina só você falando pra mil pessoas. São mil pessoas ouvindo o que você tem a dizer. É bastante, não é?
Ele não soube dizer. Ainda achava pouco, mas vi a dúvida em seus olhinhos. Continuei, claro.
- Quantos amigos você tem? Uns mil?
Obviamente ele não tem mil amigos (quem tem?) e disse que não, que devia ter uns trinta.
- Pois é. Imagina todos os seus amigos te assistindo junto com mais 970 pessoas. É bastante, não é? Sabe quantas pessoas lêem a newsletter da mamãe? Umas trezentas. Cara, eu acho demais que existem 300 pessoas interessadas nos textos que escrevo. Não é legal?
- Muito, mamãe!
- Ninguém é igual ao Mr. Beast, ele é o maior YouTuber do mundo, mas isso não significa que os outros sejam ruins. Se tem gente que assiste, eles estão se conectando, passando a mensagem que querem passar e até fazendo amizades, por que não? Então você pode não gostar do Canal da Belinha, mas fazer piada com o número de inscritos é muito nada a ver.
Acho que ele entendeu, mas eu me peguei pensando em como hoje, com as redes sociais, os números estão superlativos. São milhares de seguidores, centenas de milhares de visualizações, curtidas, comentários.
Não sou alienada. É claro que os seguidores, as curtidas e comentários são métricas que influenciadores utilizam para atrair patrocinadores, mas foi inevitável pensar que a mensagem que as crianças entendem deste universo de números tão gigantescos é que só tem valor quem tem seguidor.
A mais seguida da internet
Se só tem valor quem, tem seguidor, Selena Gomez é a mulher mais valorizada do mundo.
Mas olha só que curioso: a pessoa com mais seguidores no Instagram posta pouquíssimo, o que contrasta com os mantras dos gurus do marketing digital, que pregam postar todo dia, aparecer nos stories, mostrar a vida…
Sim, não somos Selena Gomez. Sim, precisamos aparecer para sermos lembradas, mas será que as poucas aparições dela nas redes sociais não servem para nos lembrar que há mais vida offline que online?
Eu me lembro de uma reportagem que a Veja São Paulo fez com maridos de blogueiras famosas (naquela época se falava “blogueira” e não “influencer”), em que eles reclamavam de como era demorado sair de casa, pois tinham que fotografar as esposas em mil poses. Os pratos dos restaurantes também eram fotografados antes de serem devorados e eles estavam ainda se acostumando às mil e uma selfies. Tentei achar a reportagem pra por aqui e não achei.
Acho que foi por cansar dessa obrigatoriedade de se retratar a vida, de produzir conteúdo incansavelmente, que eu tenho postado menos e escrito mais. Neste formato aqui, por exemplo, consigo dar mais de mim mesma na escrita e, assim, me aproximar de quem lê. Do outro lado da tela está você, que pode esperar a news com uma certa periodicidade e aproveitar seus cinco minutos de leitura, sem a ansiedade de rolar a tela pra baixo que as redes sociais nos causam.
Continuando o papo acima…
No mercado americano as newsletters estão com tudo! Eles até criaram um nome para o movimento: “newsletter economy", embora o Substack, essa plataforma que escolhi para o Andrea Me Conta, peça para que não usemos esse termo.
A verdade é que estamos testemunhando um novo modelo de negócios da área de comunicação e mídia. Alguns profissionais (jornalistas, comunicadores, escritores, etc) que lançaram suas próprias newsletters nos últimos anos descobriram que podem gerar receitas significativas por meio de assinaturas ou patrocínio.
Em 2021, a Bia Guarezi, autora da newsletter Bits to Brands escreveu sobre o fenômeno das newsletters. Arrisco dizer que o mercado está mais consolidado agora em 2023. Ou seja, não era só uma modinha, como foi o Clubhouse.
Mudando de newsletter para livro
Esse resumo de Dom Casmurro, feita pela Moça do Marketing, mascote da Aff The Hype é demais! Precisei compartilhar.
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#ficaadica
Acabei de ler “A bailarina de Auschwitz”, uma biografia de Edith Eger, sobrevivente do Holocausto e do horror de um dos maiores campo de concentração de Hitler. Forte. Eu, que leio antes de dormir, demorava para pegar no sono de tão acelerado que ficava meu coração.
Porém, quando ela começa seu processo de cura, se encontra na psicologia e começa interligar sua história com as histórias de seus pacientes, o livro fica bem parecido com “Talvez você deva conversar com alguém", que também é ótimo!
Anúncio ou meme?
Quem veio primeiro, ovo ou a galinha?
Resposta: quem veio via Fedex.
Parece meme, mas é um dos melhores anúncios que eu já vi.
Chegamos à 50ª edição!
Um motivo de alegria e comemoração por aqui. Queria seguir a dieta e a academia por 50 semanas, mas fazer o que, né? Eu gosto mesmo é de escrever a Andrea Me Conta e comer chocolate. 😉
Nos vemos na número 51.
- Andrea
Parabéns adoro ler sua newsletter, ainda mais sabendo que sou testemunha ocular de grande parta delas. ❤️
Parabens Dea! Sempre incrivel, adoro tudo que escreve!!