Ressaca depois dos 40 parece dengue.
São dias para se recuperar das dores, que são muitas: a cabeça, os lugares do corpo onde a gente bateu e não lembra, a moral… O corpo fica pesado, assim como o humor. Os movimentos e pensamentos são lentos e preguiçosos. Não preguiçosos como uma manhã de domingo. Estou falando da preguiça pecado capital, da prostração, da indolência que nem Jesus na causa resolve.
Mas a pior sensação da ressaca é a de moral ferida. De derrota. De querer sair do corpo e procurar outra morada. De desejar voltar no tempo e beber mais água e menos vinho. Ou nem beber vinho, afinal, era segunda-feira. A ressaca do arrependimento mais a passar que a ressaca física.
Esse foi um ano de muitas ressacas. A ressaca da Covid, a ressaca das eleições e, agora, a ressaca da Copa. A Copa que fez todo mundo, seja de direita ou de esquerda, vestir as cores da bandeira, cantar o hino, se juntar e falar de futebol ao invés de discutir política e saúde pública.
Não me levem a mal, sei da importância do debate político, mas convenhamos, estávamos acabando com a nossa sanidade mental.
A Copa foi um respiro mais do que bem vindo para nossa cabeça agitada e, mesmo com um time bom, mas não brilhante, depositamos nossas fichas. Enchemo-nos de esperança. Eles estavam nos fazendo sorrir de novo.
Aí veio a Croácia, em um jogo que, nem nas minhas previsões mais pessimistas, eu imaginava perder. Quem é a Croácia frente a um pentacampeão? Mas história não vence jogo, não é mesmo?
Aí veio a eliminação e, com ela, mais uma ressaca. E se o Neymar tivesse batido o primeiro pênalti, se a defesa não tivesse subido faltando 5 minutos, se o Fred não estivesse em campo ou se o Tite tivesse convocado o Gabigol? A gente gosta de imaginar, só pra ressaca piorar um pouco mais. Como dizem nas redes sociais, ser brasileiro não tem sido uma tarefa fácil.
Porém, depois dos 40 sabemos que não é um simples Engov que vai acabar com a sensação de dengue, mas, já sabemos aceitá-la. Incorporamos a ressaca e aceitamos a onda de mal estar, pois sabemos que ela passa. Nem nos damos ao trabalho de prometer nunca mais beber na vida, porque sabemos que isso não é verdade, assim como jurar não torcer pra seleção brasileira é só papo de sofredor torcedor. Depois dos 40 a gente aprende que se não morremos de ressaca, meu amor, não é a Copa que vai nos matar.
Ainda mais com uma esperança no horizonte: tem carnaval em 2023.
Tá de ressaca? Melhor não trabalhar.
Segundo esse estudo, você não deveria estar trabalhando hoje. É a tal da discussão da semana de 4 dias, que começou lá nos primórdios da pandemia.
De acordo com o estudo:
Dois terços dos funcionários declararam que a mudança os deixou menos esgotados. A satisfação com o trabalho aumentou. Eles relataram que sua saúde mental e física havia melhorado e que havia menos conflitos entre trabalho e família. O tempo de exercício físico aumentou em média 24 minutos por semana. Eles estavam dormindo melhor.
Será que é uma reorganização do trabalho do tipo: só tenho 2 dias pra entregar a minha monografia e nem terminei? O que você acha?
Ressaca de vulnerabilidade
Eu tive um professor na faculdade que contava como abria toda a sua vida para qualquer estranho que se sentasse ao seu lado em viagens de ônibus. Ao fim da viagem, ele nunca mais via essa pessoa e, com isso, se sentia muito estranho, com uma espécie de angústia. Por este motivo, passou a comprar 2 lugares no ônibus. Assim, viajava em silêncio e não sofria ao final.
Eis que Brené Brown, professora, palestrante e autora, apelidou de “ressaca da vulnerabilidade” essa sensação de desconforto e arrependimento que sentimos após compartilhar algo pessoal com outras pessoas. O apelido faz um paralelo à angústia mental e física comuns após uma noite de bebedeira e descreve a sensação de vergonha e medo após assumir um risco emocional. A dica foi da New Plan Journal e o artigo pode ser lido aqui.
Aliás, se você nunca assistiu ao TED de Brené Brown sobre o poder da vulnerabilidade, se joga. É muito bom.
Cura-ressaca
Não tem nada melhor pra curar uma ressaca emocional como a que sentimos após a eliminação do Brasil (e, para muitos, com a Argentina indo para a final), que pipoca, sorvete e séries que distraiam sem exigir muito do nosso intelecto.
Por isso, seguem aqui 3 dicas de séries que ajudam a desanuviar.
1) O Rei da TV
Série do Star+ que conta a história de Silvio Santos a partir de um incidente de sua vida: quando o apresentador perde a voz no ar, em 1984. Muito bem feita, muito bem produzida, mostrando o apresentador não somente em seus momentos de glória, mas também lidando com seus fantasmas internos e traumas de infância.
2) Pepsi, cadê meu avião?
Pra vocês que gostam de marketing, indico essa série documental da Netflix, de apenas 4 capítulos, que mostra uma promoção feita pela Pepsi que deu errado. Para estimular o consumo do refrigerante e ganhar market share na época da guerra das colas, os anos 90, a Pepsi lançou uma promoção: o consumidor juntava pontos ao consumir o refrigerante e trocava-os por prêmios, como camisetas, bonés, jaquetas…
Porém, na propaganda da promoção, a agência BBDO (uma das principais agências mundiais) fez uma brincadeira: colocou um jato Herrier, (tipo daqueles usados por Tom Cruise em Top Gun), com o valor: 7 milhões de pontos. Uma quantia aparentemente inatingível, mas que dava um toque de humor no filme publicitário. Foi ao perceber que a empresa não havia colocado nenhuma linha fina no anúncio, que um garoto de 20 anos resolveu juntar a quantia e reivindicar seu avião.
3) Wandinha
Eu sei, eu sei, todo mundo está falando desta série. Confesso uma coisa: ela é bem teen e bem no estilo Família Addams meets Harry Potter, mas eu a-do-rei. Também na Netflix.
Semana passada foi tão intensa, com dois jogos, uma eliminação, presentes de Natal, encerramento das atividades das crianças, que nem teve newsletter. Aposto que aí está tão corrido também que você nem percebeu, fala a verdade. Rs.
Mas fim do ano é isso e a gente ainda arruma tempo pra ver quem a gente não viu o ano todo, como o mundo fosse acabar.
Agora me conta, você também ficou com ressaca pós eliminação?
Até a próxima!
- Andrea
(Responda esse e-mail ou escreva para andrea@ideaonline.com.br e vamos papear!)
Abc