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Quem me acompanha nas redes sociais deve ter visto que escapei na quinta-feira à tarde para o Rio de Janeiro. Adoro a Cidade Maravilhosa, mas sempre que vou, fico próximo ao mar, salvo uma vez que fiquei no albergue de uma amiga, em Laranjeiras.
A recordação que tenho de ficar em Laranjeiras é incrível. O bairro tem uma atmosfera carioca boêmia da gema que serviu em mim como jeans antigo. Era confortável estar lá, me sentar no boteco da esquina e comer frituras saborosas acompanhadas de cerveja de garrafa gelada. Era eu mesma ali. Era a minha essência.
Da mesma forma me senti com Santa Teresa, uma vez que pegamos o taxi de Copacabana para o restaurante Aprazível, ali no bairro. Quando começamos a subir as ladeiras íngremes de paralelepípedos que levavam ao restaurante, fui me enchendo de curiosidade sobre aquele lugar, que parecia me teletransportar para outra época. Casarões antigos, de portas e janelas imensas, esbanjavam elegância em meio a pequenos comércios e alguns ateliês de arte, por onde ainda passa um bondinho do final dos anos 1800. Como não se apaixonar?
Corta para 2022 e para dois pretextos que encontrei para visitar o Rio: o aniversário de 10 anos de casamento e a renovação do visto americano, uma vez que não encontramos data para isso em São Paulo ainda este ano. Soma-se aí uma desculpa para ficar longe do mar: está frio. E lá fomos nós para Santa Teresa.
Escolhemos o lindo Boutique-Hotel Santa Tereza para nos hospedarmos e reservamos um jantar no Térèze, restaurante do hotel, que está no Guia Michelin Brasil. Sim, estou esnobando, me deixe.
Fim da narrativa. Vamos ao marketing.
O que uma empresa de pneus (a Michelin) tem a ver com restaurantes?
Se você não conhece a história do Guia, permita-me contar.
A História do Guia Michelin
Essa é uma das melhores peças de marketing já inventadas na história. Inclusive, quando se fala em criar conteúdo, na minha opinião, essa história é um guia, com o perdão do trocadilho.
Em 1900, André e Edouard Michelin, fundadores da empresa francesa Michelin Pneus, precisavam crescer. Porém, na época, havia menos de 3.000 carros em toda a França.
E aí? Como aumentar a demanda em um mercado tão pequeno? Você já sabe, mas vou dizer:
Com mais carros (as pessoas precisavam comprá-los!), ou
Com mais rodagem.
Como fazer com que as pessoas tenham mais vontade de ter um carro? Ou, mais fácil, como fazer com que elas rodem mais e gastem seus pneus na estrada?
Os irmãos Michelin, com o objetivo de fazer as pessoas rodarem mais pela França, criaram o melhor guia para proprietários de carros da época. Ele incluía mapas, instruções sobre manutenção e troca de pneus, além da localização de ótimos restaurantes e hotéis adequados para os viajantes comerem e ficarem enquanto viajavam pela França, juntamente com um roteiro detalhado.
Me conta: isso é ou não é marketing de conteúdo?
Pra te ajudar na resposta:
O marketing de conteúdo preocupa-se em informar e criar valor para o público SEM falar nada sobre sua empresa. Trata-se de uma entrega de informações valiosas, que o público da empresa aprecie tanto, que engaje na conversa com a marca sem se dar conta de que isso é uma estratégia de marketing.
Ok, o guia dos guias estava criado e estava na hora de distribuí-lo. Se você acha que eles fizeram três mil cópias para que cada proprietário de carro na França tivesse seu exemplar, você se engana. Os irmãos Michelin distribuíram 35.000 cópias GRATUITAS do seu guia, ou seja, alcançaram também um público em potencial. Além disso, por conta do sucesso que fez, o guia passou a ser melhor e mais completo a cada ano. Foi apenas na década de 30 que os irmãos começaram a usar inspetores para avaliar os restaurantes e classificá-los por estrelas.
Lições aprendidas com os irmãos Michelin sobre marketing de conteúdo:
Ter um objetivo final em mente. POR QUE criar conteúdo?
Criar algo útil, valioso e não comercial.
Levar a QUALIDADE do conteúdo em conta.
Crie conteúdo para seu público e não para ferramentas de busca. Hoje em dia existem centenas de redatores que escrevem para ferramentas de busca, utilizando-se de recursos para ranquear entre os primeiros resultados do Google. Você já viu um texto assim? Na maior parte das vezes é uma 💩. #prontofalei
Assumir riscos, por que não? A Michelin, criou algo totalmente nove e acabou até virando uma marca nova.
Criar autoridade. Percebe que o Guia Michelin é praticamente um influenciador? Se um restaurante é indicado por eles, automaticamente ganha um status completamente novo.
Falando em influenciar…
(post influenciado pela Ari Murray e sua tia Shelly)
Minha mãe, modéstia à parte, é muito bonita. Toda vez que ela se junta com as irmãs, todas querem saber que creme ela anda usando e se ela fez algum procedimento estético. Não à toa, minhas tias já frequentaram a mesma dermatologista que ela.
Minha amiga Érica tem uma marca muito bacana de bolsas e sapatos femininos, a Casilha. Eu falei dela para uma amiga, que comprou diversos produtos da Érica para presentear a família no Natal.
Outra amiga, a Lili, faz parte de um clube do livro com excelentes recomendações. Por sua influência, um dos últimos livros que li foi do grupo que ela participa.
Percebem como minha mãe, eu, Lili e, pode ter certeza, você, somos influenciadores em algum nível?
Eu sempre digo: todo mundo é um influenciador.
A influência social baseia-se no fato de que, em um mundo abundante de opções de produtos e serviços, confiamos nos outros para saber o que ler, vestir, ouvir…
Quando esses outros são pessoas “normais” como nós, tendemos a confiar mais neles do que em um #publipost da Juliette. Os influenciadores são próximos e relacionáveis e percebemos suas recomendações como “honestas” e “autênticas”.
Percebam: nem todos os influenciadores estão online. Nem todos os influenciadores são celebridades. Fama não tem a ver com influência.
Meu pai, por exemplo. Ele é um engenheiro agrônomo muito respeitado no setor canavieiro. Ele mal usa redes sociais, mas é um baita influenciador.
Quando você constrói a sua marca, você sabe qual é o perfil do seu consumidor. Encantando esse público, ele levará a sua indicação para outros consumidores com o mesmo perfil. Por isso, tente entregar a melhor experiência para cada um dos seus clientes, pois eles, no papel de influenciadores felizes, levarão suas ideias (e produtos) adiante.
Sobre nossa responsabilidade como influenciadores, sugiro este artigo da Nexo.
Falando em influenciadores…
Quando as mães de Bill Gates e de Barak Obama dizem que eles não são todo mundo, eles nem discutem. Não são mesmo. Mas, pegando carona no “todo mundo é influenciador", vi por esses dias que Obama divulgou sua playlist de verão.
Aparentemente ele faz isso há algum tempo e eu não sabia. Achei interessante.
![Twitter avatar for @BarackObama](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/BarackObama.jpg)
![Image](https://substackcdn.com/image/fetch/w_600,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fpbs.substack.com%2Fmedia%2FFYnVN8XXkAEeCAI.jpg)
![Image](https://substackcdn.com/image/fetch/w_600,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fpbs.substack.com%2Fmedia%2FFYnVN8ZWAAEo_dz.jpg)
Aí lembrei que Bill Gates sempre solta sua lista de livros para ler nas férias de Natal.
O que isso diz sobre ambos? (Pelo menos para mim)
» Que Obama é um influenciador de música. Obama + música = aquele cara legal, moderno, gente como a gente, que poderia ter um TikTok e fazer dancinhas lançando “trends” (se é que não tem). Se Obama ouve, é de bom gosto e é bacana. Vou ouvir também.
» Que Bill Gates é influenciador de livros. Bill + livros = o culto. O preditor da pandemia. O bilionário. Precisamos ler o que ele lê pra nos aproximarmos de ser o que ele é. Poderia ter um “Booktok” (perfil do TikTok que indica leituras), facilmente.
Achei interessante que, além de serem duas das pessoas mais influentes do mundo em termos de poder, opiniões e idéias, nas redes ambos se tornam influenciadores de consumo de algo coisa (música ou livros). Parece que isso os tira do pedestal, não parece?
Mas Andréa, me conta, por que isso é importante? Não sei. Acho que nem é. Só queria te contar dessa minha impressão mesmo.
Só mais uma coisa…
Sem mais. Até a próxima semana.
- Andrea