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#18 - Nichos e mais nichos
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Justo eu, a marqueteira, não tenho nicho. Não tenho público-alvo. Não tenho persona. Chame do quiser, não tenho também.
Apenas escrevo, compartilho conhecimento, vou atrás de links legais e interessantes. Mas o que é interessante pra mim é pra você também? Não sei. Talvez a minha persona seja alguém parecido comigo.
“Dê um nome a sua persona", dizem os marqueteiros. Pois bem, a minha se chama Andrea.
Embora eu não tenha traçado (ainda, tá?) nenhum perfil do público que consome minhas palavras, acho muito legal quando uma empresa encontra um nicho dentro de um mercado que parece saturado. “Que sacada!”, é meu primeiro pensamento.
Por isso, separei algumas empresas que atuam em nichos bem específicos para te mostrar aqui, na news de hoje. Eles certamente têm sua persona. Será que começaram a vender pra eles mesmos?
NICHO 1: APP DE NAMORO PARA PAIS SOLTEIROS
Quando eu tinha vinte e poucos anos, um amigo do meu namorado da época havia começado a namorar uma moça que já tinha um filho. Eles, os homens, o chamavam de “diplominha", obviamente longe da moça. Coisas de quem tem vinte e poucos anos, não vou julgar mas, hoje em dia, se eu me separasse, teria dois diplominhas no currículo.
Não é fácil para mães e pais solteiros se relacionarem (cá entre nós, principalmente para mães), pois os filhos demandam atenção e normalmente têm uma agenda apertada, que inclui levar e trazer da escola, mil e uma atividades extra-curriculares festinhas, casa dos amigos, pediatra, etc.
De olho nesse mercado o Match Group lançou um app para pais solteiros, o STIR, que, além de fazer as clássicas combinações pra te achar o par ideal, ainda tem um recurso especial, que permite que os usuários exibam seu “me time” (tempo pra mim), para que ambas as partes saibam quando a a outra estará livre para se encontrar.
Eu achei ótimo! Ter filhos não pode ser um problema para o amor. 💗
Vi nesse artigo aqui da Design Taxi.
NICHO 2: CIA AÉREA PARA INFLUENCIADORES
Tá bombando nas redes sociais? Você pode viajar de graça para os principais eventos americanos com o festival Coachella ou o New York Fashion Week, em um jatinho particular, bebendo champanhe durante todo o percurso, fazendo massagem após o evento e utilizando o lounge exclusivo da empresa nos aeroportos.
Essa é a proposta da Willa Air.
A Willa é, na verdade, uma plataforma de pagamento que tem como público principal os freelancers, especialmente os criadores de conteúdo. O objetivo é ajudá-los a cobrar e receber seus pagamentos das marcas, patrocinadores e colaboradores, de maneira rápida e fácil.
Mais um nicho, hein? E que nicho! A “creator economy” está bombando.
As “fintechs” também. Em 2021 a Willa levantou US$21 milhões em financiamento de capital de risco e tinha uma lista de espera de mais de 150 mil freelancers.
O lançamento da airline serve, na verdade, para chamar atenção para o produto principal da empresa, a plataforma de pagamentos. É numa ação como essa, com influenciadores postando a torto e a direito sobre sua experiência, que eles se tornam conhecidos justamente no meio que querem: os criadores.
Aron Levin, co-fundador da Willa Air disse que a idéia da cia aérea é oferecer um serviço rápido e conveniente para os influenciadores chegarem aos eventos. Não é essa justamente a promessa de valor da plataforma de pagamentos? Ajudar creators com um serviço rápido e conveniente para cobrança e recebimento de pagamento? Então voilá. A Willa Air nada mais é que uma ação de marketing da plataforma de pagamentos.
Mas não é uma ação de marketing um tanto cara?
Depende. Imagine que você é uma empresa pouco conhecida, precisando criar awereness, e que recebeu um investimento de 21 milhões de dólares. Dentro do nicho da empresa, uma ação dessas acaba sendo mais barata e mais efetiva que um comercial no SuperBowl, por exemplo.
NICHO 3: Evento só para quem lida com tratos culturais na cultura da cana-de-açúcar
Esse nicho é onde eu atuo quando organizo o HERBISHOW, o Seminário sobre Plantas Daninhas na Cultura da Cana. Um evento só para o gestor de plantas daninhas nas culturas da cana-de-açúcar.
Mas tem público pra isso, Andrea?
Estou na 21ª edição do evento enquanto escrevo essas linhas e, na platéia tenho 800 interessados no assunto. Tô muito orgulhosa. :)
NICHO ERRADO: Cerveja pra mulher
Vocês se lembram desse desastroso lançamento da Cerveja Proibida?
“Proibida Puro Malte Rosa Vermelha Mulher, uma cerveja delicada e perfumada, feita especialmente para você mulher”, dizia a marca através de um post no Facebook.
Não preciso nem dizer que foi massacrada - e com razão - nas redes sociais.
Na verdade, mulher não é mais nicho (juro que era antigamente), mas é um público-alvo que foi trabalhado de maneira totalmente errada. Não sei se faltou pesquisa ou só bom senso. O portal Hyperness fala dessa situação e divulga algumas reações de internautas, como as seguintes:
Você viu que tem mercado pra tudo?
As pessoas inventam produtos pra tudo porque tudo muda muito rápido.
Por exemplo: depois de ficarem presas dentro de casa por dois anos por conta da pandemia e desenvolverem stress, ansiedade e depressão, muita gente nos EUA está buscando uma conexão mais íntima com a natureza através da GOAT YOGA, ou seja, yoga com cabras. Juro.
Por fim…
Quando você sabe qual é o seu segmento de mercado e, dentro dele, qual é o seu nicho, você consegue atender com mais precisão as dores do seu consumidor e isso faz com que ele goste de você muito mais.
Eu, por exemplo, gosto muito mais do meu marido quando ele acerta meu presente de aniversário, do que quando me dá algo que não tem nada a ver comigo. Sim, eu posso ir à loja e trocar, mas “puxa vida, amor, não é possível que você não me conheça a ponto de saber que isso não me agrada”.
Bem por aí.
Eu já estava com essa news começada na semana passada quando vi esse post no blog do Seth Godin, em que ele fala sobre as avaliações de música clássica e documentários em qualquer revista ou site que você escolher. Não fui conferir, mas ele diz que música clássica e documentários quase sempre têm classificações mais altas do que a música pop e os longa-metragens.
“A razão é simples", escreve Seth, “as pessoas que gostam dessas coisas, gostam mesmo dessas coisas".
Ele continua dizendo que quanto maior o público para quem você faz a sua oferta, “maior a probabilidade de encontrar pessoas que não se importam, não entendem a piada ou simplesmente não estão abertas a serem satisfeitas”.
Com um público menor, a sua comunicação é mais específica. Já fez uma referência a Friends em uma conversa e não te entenderam? Sem graça. Mas quando entendem é demais. Você se encontra no papo e se sente em casa. É a sua galera.
Meu pai está ao meu lado aqui no evento, enquanto digito essa news e, no palco, falam sobre novas moléculas de herbicida e seus usos.
O que você tanto escreve?
Minha newsletter.
Você acha que alguém vai ler tudo isso?
Eu a dividi em nichos, cada um lê o que interessar mais.
*
Até a próxima semana!
- Andrea
(PS: para falar comigo, apenas responda esse e-mail ou escreva para andrea@ideaonline.com.br)
P.S.: Conhece alguém que pode fazer parte do meu nicho? Indique a news!
Fala pra ele que vc arrasa, Dea! Adorei!
Li inteira e ficou incrível!