Fim de ano. Correria. Cansaço. Cabelos sempre em coque. Olhos esbugalhados. Sim, essa sou eu. Um caco. Um horror. Só a derrota.
Abro o Instagram no piloto automático, só para ficar arrastando o dedo pela tela sem pensar, e lá estão eles, os posts com o título: “Como ser triste se, em 2024…”. Complete a frase com um carrossel de fotos de todas as suas conquistas, viagens, prêmios, pódios, certificados, mil coisas.
E eu, aqui, me sentindo só o pó. Mais seca que biscoito de polvilho. Mais sem graça que feijão de ontem. Me comparo com aquelas pessoas sorridentes e me pergunto: "Por que diabos elas estão tão bem e eu tô assim, tipo… só o reflexo de um ser humano?" Mal consigo me lembrar das minhas conquistas de 2024. Eu sei que tive várias, mas elas se parecem um tanto… pequenas.
Sinceramente, parabéns pra todo mundo, claro! Gente feliz e realizada não enche o saco. O problema, o verdadeiro problema, é a tal da comparação. Por que raios a gente ainda faz isso?
No livro Geração Ansiosa, que eu não li inteiro — só uns pedaços — o autor fala sobre como nós, humanos, somos máquinas de comparação e como isso nos deixa, basicamente, em parafuso. Comparar-se com a vida perfeita dos outros eleva nossos próprios padrões a um nível tão inalcançável que, quando não conseguimos atingir essas expectativas absurdas, a frustração vem forte.
Sim, eu sei que nas redes a gente posta os prêmios e não os corres. Que cada conquista tem também, por trás, decisões difíceis, noites sem dormir, momentos duros, problemas familiares, etc, etc, etc. O invisível que a gente bem sabe que existe. Mas nosso cérebro só registra o carrossel de conquistas.
É por isso que eu acho essa trend uma merda e resolvi fazer uma nova. Bora comigo?
Como posso ser feliz se em 2024 eu:
Vi 360 stories da mesma pessoa na academia com legenda “tá pago”
Vi os pés de pessoas que nem conheço em postagens para exibir a unha pintada, o dedinho que quebrou, ou a areia da praia nas férias. Não sei você, mas eu não quero ver os pés de ninguém. Nem os meus.
Fui impactada por diversas influenciadoras arrumando mala pedindo pra eu adivinhar pra onde elas iam dessa vez. Ai, gente, vai me matar de curiosidade.
Gastei meu salário do mês em cacarecos que não funcionam que vi em posts patrocinados.
Gastei meu salário do outro mês em cursos que me ensinavam como enriquecer oferecendo cursos sobre vender cursos para enriquecer. Não achei certo continuar essa corrente e só empobreci.
Em janeiro vi todo mundo em Aspen. Menos eu.
Em julho vi todo mundo curtindo o #eurosummer. Menos eu
Percebi que o filho de todo mundo é prodígio em esporte, matemática, xadrez. Menos os meus, que são bons em reclamar.
Vi gente virar celebridade por não ceder lugar no avião
Ouvi 3.967 publis com a palavra “apaixonada”.
Fiquei refletindo: todo mundo agora corre maratona?
É assim que é a vida online. Como ser feliz, se estamos sugados pela luz azul, pela vida (perfeita) alheia, enquanto nossas almas vão se desintegrando aos poucos a cada hora que passamos trocando de app, olhando histórias de pessoas que parecem estar vivendo a melhor versão de si mesmas?
Então, para 2025 tenho uma meta: diminuir o vício. Atender às demandas de trabalho com mais foco e presença que ficar mudando de aplicativos entre uma mensagem e outra no WhatsApp. Será que consigo? Será que a gente consegue?
Vou começar com uma coisa simples: tirar férias. Essa é a última news de 2024.
Agradeço de coração a cada um de vocês que me lêem por aqui. Este ano, essa rede cresceu um pouco e hoje somos mais de 700. Isso é incrível, sério! Acho que agora sim, posso terminar com a trend:
Como ser triste assim, Brasel?
Não aprendi dizer adeus
Minhas amigas escritoras e newsleteiras também escreveram sobre a trend do fim do mundo ano. Olha só:
💌 A Gabi Albuquerque começou com um samba.
💌 A Gabi Miranda citou que a felicidade se acha em horinhas de descuido
Mas não foi só isso. Essa semana eu me emocionei com algumas histórias:
💌 A da mãe da Marina, que começou o balé depois de adulta, há apenas seis meses.
💌 A da Roberta, que falou sobre destralhar o ano. Amei o termo.
E aprendi algumas coisas:
💌 A Gabi Fagundes falou sobre a definição de Liz Gilbert para hobby, trabalho, carreira e vocação
💌 Janaína falou sobre como dar presentes numa news fofa. O que são as ilustrações?
E sobre o Natal?
Tenho uma news fofinha de Natal. Vem ver!
Mas deixo você ir
Mas não sem antes desejar a você e sua família um Natal de amor e um 2025 com de esperanças renovadas, saúde, alegria e conquistas.
Um beijo,
Andrea
como saí das redes sociais no começo do ano (ou no fim de 2023, já não me lembro mais), tive o prazer de perder essa trend… feliz natal e um ótimo ano novo! boas férias! 😊
A mala da influenciadora me pegou, ri alto. Tô com você: buscando cada vez mais consciência pra usar essas redes.
Feliz Natal, Andrea! ♥️