#115 - O embate épico de uma geração polarizada
Não é de política que estou falando. É pior.
Acho que não sou a única a reparar que o mundo está cada vez mais polarizado. Todo dia é um verdadeiro Corinthians e Palmeiras na final do Campeonato Brasileiro, seja para falar de futebol, religião, política, dieta ou vida amorosa de influenciadores sociais.
Neste vasto e polarizado universo, a culinária não fica de fora. Desde que foi apresentada na feira de utilidades domésticas de Frankfurt em 2010, a Air Fryer já mostrava que vinha ao mundo para dividi-lo ainda mais.
Os visitantes do estande da Phillips naquele ano ou se encantavam, ou torciam o nariz para a novidade, que prometia fritar sem gordura, apenas rodando vento quente. Mais que isso, a promessa era de alimentos crocantes por fora e macios por dentro, coisa que o microondas sempre falhou em fazer. Mas era muita audácia querer mudar o modo de preparar frituras da população mundial. Um projeto ganancioso demais. Uma coisa meio Pink e Cérebro.
Porém os antropólogos historiadores dizem que, mesmo diante de tanta ambição, foi exatamente ali, na apresentação da AirFryer para o público, que se deu início à uma nova divisão mundial: os que adotaram a engenhoca culinária como um símbolo de progresso e os que a rejeitaram com fervor.
O estudo social de Engel & Mastoff mostra que, os amantes da fritadeira elétrica se enxergam como gente descolada, que se orgulha de estar sempre à frente. Early adopters, termo de marketing para aqueles que vêem na tecnologia a solução para todos os problemas. Os diferentões. Vanguardistas. Musas fitness. Para eles, a Air Fryer é mais que um eletrodoméstico: é um estilo de vida prático, saudável e sustentável.
Engel & Mastoff caracterizam os demais como os conservadores da cozinha tradicional, que torcem o nariz para essas modernidades e defendem que o bom e velho fogão de chama é insubstituível, a não ser que seja por um à lenha. São os guardiões das tradições. Os cavaleiros da chama eterna. Os que vêem no toque de um botão a perda do verdadeiro sabor da culinária.
Existe ainda, uma pressão social muito grande para se ter a fritadeira do futuro em casa. Pessoas estão sendo excluídas de grupos sociais. Os consultórios psiquiátricos estão mais lotados do que nunca. Pudera, embora os conservadores argumentem bem na defesa do bom e velho fogão, fica difícil sustentá-los quando algum Air Fryer lover diz que até a Rita Lobo lançou uma com seu nome.
O mundo hoje presencia um embate épico, que está apenas começando. A população ainda não está alarmada porque a Globo está escondendo. Mas faço questão que você repare: sempre há alguém, em algum jantar, porta de escola ou saída da missa, que vai trazer à tona o tema “Air Fryer” com fervor quase que religioso, seja para o amor ou para o ódio. O mundo já entrou em guerra por menos. Infelizmente, prevejo sangue no futuro. Esquartejamento seguido de carbonização de partes humanas em Air Fryers de dois andares.
Assim, entre frituras sem óleo e receitas com alma, as opiniões se dividem e vemos cada dia mais as pessoas caminhando para a seita da air fryer. Eu mesma já cedi. Até minha mãe cedeu. Minha avó tricotou uma capinha de crochê para a dela, que agora combina com o fogão e com o botijão de gás. E agora, com fim de novembro se aproximando, mais um ano indo para a casa do chapéu, só me resta uma coisa a fazer: comprar uma maior na black friday.
E o marketing, Andrea Cristina?
Hoje é fácil. Se você quer ser repostado, retuitado, compartilhado, use o tema Friends em suas campanhas.
Se seu público é formado por millenials, use o tema Friends em suas campanhas.
A Nubank sabe disso e chamou Matt LeBlanc (o Joey de Friends) para estrelar sua nova campanha.
Por que?
Nostalgia e Relação Pessoal: Muitos consumidores que cresceram assistindo Friends (principalmente millennials) têm uma forte ligação emocional com a série. Incorporar elementos da sitcom pode evocar memórias e sentimentos de nostalgia, criando uma conexão mais profunda com a marca.
Relevância Cultural: Friends continua sendo uma referência cultural poderosa, seja por meio de memes, frases icônicas ou as redes sociais. Usar essa linguagem familiar pode atrair a atenção de um público que já consome o conteúdo relacionado à série.
Como? Criar Paródias e Referências Reconhecíveis
Cenas Icônicas: A série tem várias cenas e motes que são universalmente reconhecíveis, o “how you doin'" de Joey, usado na peça abaixo. Usar esses momentos de forma criativa pode gerar impacto imediato e engajamento com o público.
Campanhas com Humor: O tom irreverente e cômico da série pode ser aproveitado para campanhas publicitárias que explorem o humor e a leveza. Isso é especialmente eficaz para marcas que querem ser vistas como jovens e descomplicadas.
Eu não ia mais falar de marketing aqui. Tinha decidido que essa news seria só de crônicas, mas não me contive. Sou da geração que compartilha tudo de Friends e gera engajamento para a marca.
De nada, Nubank.
Não aprendi dizer adeus
A escrita me trouxe algumas amigas e é com grande prazer que indico suas newsletters aqui, além de outras que encontro no Substack, a rede social das newsletters. Vamos lá?
🐱 Na tem a história fofa de duas gatinhas que são como yin e yang
🎞️ Na tivemos uma edição de Halloween que falou de um filme que foi um marco para o gênero terror na história do cinema.
🎨A Gabi Fagundes é minha amiga de infância, estreou no mundo das newsletters há pouquíssimo tempo, mas sua produção está bombando. A dessa semana traz o questionamento: Você confia nas suas ideias?
🎨 Nessa edição da , uma news maravilhosa sobre arte (assina que vale a pena), li algumas curiosidades da vida de Monet que não conhecia.
🧚🏼♀️ Um livro pode nascer de qualquer lugar. Até de quando precisamos arranjar uma desculpa para o filho. Foi assim que nasceu A Fada Lili, da
Roberta Assunção mudou a Palavruda para e traz agora ainda mais histórias, como essa crônica sobre o que ela faria se fosse mágica. Amei.
😡 E essa gente que não cumprimenta de volta quando você dá bom dia? Thaís fala disso como se fosse eu. A news dela é ótima e é de lá que tirei a ideia para este banner:
Mas deixo você ir
News longa, né? Por isso, deixo aqui minha breve despedida.
Até semana que vem!
Ah, quero mandar direto por zap que é mais fácil. Então tá: Clique aqui
Hahahaha sou air fryer desde criancinha 😂
Obrigada por indicar ArteLetter, Andrea 🙏🫶