Todo mundo quer me vender um curso.
Depois de um café da manhã conturbado, o marido sai com as crianças para levá-las à escola e eu tenho - finalmente - meu momento a sós. Eu e meu café. Às vezes um livro. Muitas vezes o celular.
Migro meu eu virtual por diferentes aplicativos, mas o começo é sempre por ele: o Instagram. Não me pergunte porque ainda entro lá, só sei que entro. Pulo todos os vídeos dos guerreiros na academia e vou para a lupa, onde o conteúdo é, teoricamente, personalizado para mim pelo algoritmo.
Entre um vídeo de sapateado e outro de cachorrinho fofinho, entram alguns que não fazem parte do meu filtro de interesses, mas que me captam a atenção. Um professor falando de roteiro, uma moça bem maquiada dando dicas de delineados, uma arquiteta mostrando um projeto lindo. Confio minha atenção neles. São verdadeiramente interessantes. Eu realmente sinto que estou aprendendo algo com aquelas pessoas. Tudo me parece genuíno, até que:
Quer saber mais sobre roteiros/delineadores/decoração? Aqui está meu curso. Saiba mais.
Frustração.
Rolo a tela novamente e sou agraciada por um vídeo de de old jazz. Sabe o que é? Aquele tipo de dança dos anos 20, das melindrosas, do Meia Noite em Paris. Esse é o tipo de conteúdo que eu gosto de consumir pela manhã. Imagino-me fazendo aqueles passos, me deixando levar por aquele trompete delicioso do jazz animado. Estou encantada. Feliz com o algoritmo. Crente na beleza do ser humano cibernético, quando, para minha surpresa, ele vem: aprenda a dançar old jazz com meu curso online.
A magia foi quebrada.
Passo para frente e mais cachorros fofos aparecem para que eu compre curso de adestramento.
Vídeos de arte para me vender curso de pintura online.
Dicas nutricionais para que eu adquira o desafio detox da nutri.
Abdome trincado em 5 semanas de treino.
Posições invertidas de yoga.
Sound healing: escute este som quantas vezes você quiser para limpar toda a sua negatividade. Ops, esse não era curso. Era um app.
Continua.
Falar com carisma. Aprender a persuasão em 3 dias. Ganhar dinheiro trabalhando apenas 2 horas por semana.
Talvez eu deva comprar algum desses. E se o cara que está na praia paradisíaca realmente descobriu como ganhar dinheiro trabalhando apenas 2 horas por semana enquanto estou aqui, improdutiva e sofrendo com boletos?
Quando é que foi que todo mundo virou especialista em alguma coisa que vai transformar a vida de outras pessoas? Parece que eu abro a geladeira, a máquina de lavar, a porta do guarda-roupa e sai um vendedor de curso. Ou de mentoria. Algo que vai salvar a minha alma do purgatório e que sempre vem com a mesma promessa: se eu consegui, você também consegue.
É claro que é possível ganhar dinheiro na internet. Mas só uma minoria vai ficar milionária. Afinal, o ambiente é online, mas a vida é real, vamos combinar? Também é claro que aprender alguma coisa a gente sempre aprende, mas é preciso tomar cuidado com as ofertas fáceis. Os discursos. As promessas.
Veja bem, não me entenda mal, não sou contra cursos online. Já fiz alguns bem bons. Mas como separar o joio do trigo?
Você não sabe, mas eu já descobri os segredos dos vendedores de curso. Assim como você, eu também já caí em muita pegadinha. Já gastei dinheiro, fiquei endividada e meu 6 em 7 não veio.
Mas hoje a história é outra. Aprendi a economizar ao deixar de comprar de falsos gurus e a ganhar dinheiro com gurus verdadeiros. Para você ter uma ideia, fazer os investimentos certos me permitiu estar agora, enviando este e-mail para você diretamente das Maldivas. O segredo está em três pilares: certificação, custo-benefício e conteúdo programático.
Se você quiser ser um especialista em não cair em ciladas online como eu, clique em saiba mais e adquira meu curso “Volte a ter fé na humanidade em 3 semanas”. Mas aproveite: os primeiros cinquenta compradores ganharão um e-book exclusivo sobre um assunto interessantíssimo e relevante que eu ainda vou inventar. Corre lá! Depois não diga que eu não avisei.
Não aprendi dizer adeus
Agora é sério: não sou contra cursos online, mas sou contra a quantidade de gurus que prometem mundos e fundos por aí. Na mesma frente, tem app para tudo. Eu mesma já baixei um app - e tive a manha de pagar uma mensalidade - para aprender qual era o problema das minhas plantas que estavam cheias de manchas. Não funcionou, mas deixa pra lá. Neste ínterim, ressuscito uma postagem antiga que fiz no Instagram:
👚 Quando eu tinha meus 20 e poucos anos, tinha muita vontade de ter uma marca de camiseta. Agora tenho! A lojinha Me Conta está on na plataforma Uma Penca, que é muito legal. A gente fica responsável pelo criativo e divulgação. Produção, entrega, gerenciamento de pagamentos, plataforma e etc fica com eles. A nossa margem diminui, mas a ideia para de pé, com camisetas de qualidade muito boa, feitas com algodão 100% sustentável (comprei uma para testar). Ah, a lojinha também vai me ajudar a manter essa newsletter sempre gratuita! :)
Da newslettersfera:
Eu AMEI este texto da Marinando. Tão simples e com uma mensagem tão bonita.
Ainda em ritmo de dia das crianças, a Cyne News traz indicações de animações que conversam com o coração até de nós adultos.
Você deve ter visto muita gente pela Flip nas suas redes sociais, mas aposto que ninguém te contou das fofocas dessa edição. No more fomo com essa edição de A Gabi Escreve.
Mas deixo você ir
Mas não sem antes de dizer que HOJE estarei no programa Papo em dia, na Rede Brasil, para falar sobre o Gradiente, a coletânea feita com carinho por 22 mulheres (dentre elas, eu aqui), com edição da Editora Vasta. Estou super ansiosa para compartilhar e ajudar a espalhar os textos afetuosos das 22 escritoras incríveis desse projeto.
Se puder, me ajuda a elevar a audiência. Hehehe.
Te conto como foi na edição da próxima semana.
Mais uma vez, obrigada por me acompanhar.
Um beijo,
- Andrea
Essa semana tive essa impressão, tudo que eu via e me interessava, tinha curso no meio. Tudo sempre tem curso hoje em dia, ta cansativo né?!
sempre tenho essa impressão de que ninguém faz nada se não for para vender curso. rs